(Fotos: Divulgação)
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"O mais difícil foi o começo, porque foi muito emocional"
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“Transformar em livro uma experiência tão traumática trouxe à tona vários sentimentos e, consequentemente, tanto sofrimento e alívio foram partes dessa experiência”. Adriana Maluendas desnuda seu interior em “Além das explosões - Como o ataque terrorista ao WTC mudou minha vida para sempre...”
Ela conta que a ideia do livro surgiu devido a diferentes fatores, já que por anos se fechou e não comentava sobre o assunto, nem mesmo com sua família - somente com seus médicos.
- Ao passar dos anos e, ao saber que fui uma das poucas pessoas reportadas oficialmente como sobrevivente, e com algumas autoridades brasileiras me falando muito sobre escrever e registrar em um livro essa experiência, comecei a pensar sobre o assunto - lembra.
Após um susto que teve com sua saúde e com a inauguração oficial do Memorial de 911, museu localizado exatamente onde um dia foram as Torres Gêmeas e o hotel onde estava hospedada foi localizado, foi convidada para a inauguração juntamente com 700 pessoas.
- O momento da inauguração foi muito especial e tocante (muito forte), especialmente aos sobreviventes e familiares de pessoas que faleceram. Muitas e tantas histórias compartilhadas por outros sobreviventes me tocaram profundamente. Percebi, então, que era o momento para começar o livro. E dividir a minha experiência. Não tinha ideia como começar, então conversei com vários escritores e pessoas do ramo literário que me aconselharam e me indicaram como deveria proceder.
Entre o período de pesquisas e colocar a experiência nos capítulos e títulos que imaginava descrever, terminou o livro em cerca de um ano, e os processos de edição e traduções começaram.
Confira a entrevista com Adriana Maluendas
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"A violência pequena, média ou em grande escala não tem diferença. Só prejudica a humanidade".
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Transformar em livro uma experiência tão traumática trouxe à tona sofrimento ou alívio?
Diria que as primeiras semanas e meses foram os mais difíceis. Somente no final do processo tive a sensação de ter tido saúde e o tempo necessário para concluir esse processo. Além de ter me trazido maior admiração à literatura, em escritores e no processo de criar uma obra.
Durante o processo, qual foi o momento mais difícil e qual o mais gratificante?
O mais difícil foi o começo, porque foi muito emocional. Sem dúvida me reestruturar e ter certa delicadeza e respeito em colocar minha experiência no papel sem ofender familiares de pessoas que perderam suas vidas, e ainda mantendo a paixão pela qualidade, a devoção, autenticidade e seriedade do propósito desta obra.
O mais gratificante é ver o interesse das pessoas de todas as idades no livro e no tema. Pessoas jovens que na época do atentado sequer faziam ideia do que estava acontecendo e como a história estava sendo marcada. E como a Era do Terrorismo foi, vamos dizer, “oficialmente” marcada nos dias atuais.
Revendo mentalmente tudo o que aconteceu, que análise você faz da atual situação mundial no que se refere aos atos de intolerância, violência e terrorismo? Vivemos um momento violento também no Brasil, situações antes só vistas em outros países. Você acha que isso é um reflexo da globalização ou algo muito maior?
Minha formação educacional é em mercado internacional, em Comércio Exterior. Portanto, minha opinião será baseada em notícias e não em conhecimento geopolítico. As notícias em geral mostram que sim, não só os Estados Unidos, mas outros países estão se unindo cada vez mais para o combate ao terrorismo. Porém, o que se percebe é que infelizmente ainda há grupos com ideologias maléficas se expandindo. Portanto, em minha opinião pessoal, esforços devem ser ainda mais redobrados. E como parte natural da humanidade, cada pessoa e cada Nação devem estar mais envolvidos em assegurar o bem-estar de todos e do futuro. E nos concientizar que estamos na Era contra o terrorismo e ataques contra a liberdade ao redor do mundo.
Já a violência, em minha opinião pessoal, não importa onde aconteça, é sempre o resultado de alguém não conseguir ou não ter o que deseja obter. Isso porque, por muitas vezes, o objeto desejado é estar no poder sobre outros. Quando a busca do poder é uma questão única de auto engrandecimento, que conduz inevitavelmente à corrupção e à violência, infelizmente se torna um resultado que vemos hoje em dia. Independente se é apenas um “bandido de rua” ou um político corrupto tentando assumir ou ter mais poder. Culturas diferente e lutas diferentes, mas a violência pequena, média ou em grande escala não tem diferença. Só prejudica a humanidade.
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"As ideologias maléficas seguem em querer destruir e punir inocentes".
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Da sua experiência mais recente (atentado no metrô em Nova York, este mês) qual o paralelo que você traça com o 11 de setembro?
Que o mal ainda está muito presente. Que as ideologias maléficas seguem em querer destruir e punir inocentes. Uma guerra de todos que infelizmente não tem prazo para terminar. Uma tristeza...
Você acredita que o leitor vai refletir sobre tudo isso, ao ler o seu livro?
Espero que sim. Como o terrorismo atinge tantas pessoas no mundo todo e de maneira muito profunda, emocional e física. Porém, o que quero demonstrar com meu livro é o lado da superação... Que não importa o tempo (cada um tem seu tempo), podemos retomar nossas vidas após situações inesperadas e de extrema dor. No meu caso, por exemplo, fiquei congelada por anos, perdi muitas celebrações e encontros em famílias, enfim memórias e um tempo que jamais poderei recuperar. O livro é minha homenagem à vida, a chance de ainda estar aqui, o que torna para mim, muito especial poder registrar o estrago e a superação, e que sim, é possível.
O que você diria para as pessoas que foram vítimas desse processo violento?
Que sim, é difícil, muito difícil entender os porquês. A dor passa, mas o mais importante é não deixar se transformar no que te feriu ou que te trouxe tanta dor. A vida é algo especial e devemos tomar o tempo, respirar e seguir adiante sempre. Nossa vida é o nosso legado, nossa aprendizagem.
Projetos. O que vem por aí?
Sim, desde que o cupido da literatura me flechou. Tento seguir escrevendo minhas crônicas, disponíveis no site do webartigos. Algumas também publicadas no “Jornal The Brasilians” em New York. E se Deus quiser em breve anunciarei o lançamento do livro na versão em inglês. Estou começando o rascunho do segundo livro.
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Fique de Olho
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