(Fotos: Divulgação)
“A arte está tendo papel fundamental para manter o equilíbrio da saúde mental, nessa fase de quarentena”
A música estabeleceu-se componente comum na rotina rural e urbana. Independente do meio de difusão, ritmo, emissor de notas ou época. Dentre outros, pertencentes à família dos instrumentos de arco, tem-se o violino. O violinista Lucas Dourado estudou Educação Musical na Universidade Federal de Goiás (UFG), reveste cotidianos e momentos especiais com sonoridade energizante. O goiano é dotado de personalidade artística consolidada. Atua como pesquisador e instrutor.
- Iniciei meus estudos no ano de 2003, com o professor Móises Bruno, e tive aulas também com os renomados: Albrecht Breuninger, Martin Tuksa e Ino Mirkovic. E integrei a Orquestra Jovem de Goiás, entre 2005 e 2017 - conta.
Confira a entrevista com Lucas Dourado
. O que te motivou entrar para o mundo das artes musicais? Por que a opção pelo violino?
Desde criança, gostei das artes em geral, porém, a música sempre foi a que mais mexeu comigo. A vontade de compartilhar com outras pessoas essa sensação me fez escolher este universo maravilhoso. A minha mãe foi uma grande influenciadora, por escutar muita música orquestrada, o violino já prendia a minha atenção. Não tenho nenhum músico na família.
. De que maneira a pandemia do novo coronavírus está alterando a sua rotina como músico?
Alterou completamente a agenda dos contratos. Todos os contratos, até maio, foram cancelados ou adiados, mas eu não parei de produzir, estou aproveitando o tempo extra, que agora eu tenho, pra manter e aprimorar minha técnica no instrumento, organizar o repertório e atualizar as referências, pra quando essa situação acabar, eu esteja preparado para retornar com todo o gás! Já adianto que estarei com muitas novidades.
. Você ministrou aulas no Colégio Lyceu de Goiânia e no Colégio Polivalente Modelo Vasco dos Reis. É mais fácil aprender tocar violino ou violão? Qual o preço médio do instrumento?
Eu já lecionei violino por 10 anos, hoje, vivo somente da performance. Todo instrumento tem sua peculiaridade e “dificuldade”. Na minha visão, a dificuldade do violino não está em tocar (tirar som do instrumento) de fato, mas sim, passar da fase inicial que é muito desanimadora, pelo fato de não conseguirmos tocar uma música simples, sem uma técnica básica de execução. Estudar técnica pura (movimentos essenciais para se tirar um som adequado) exige muita força de vontade, pois as “músicas” parecem muito distantes. O importante é procurar a metodologia ideal para o seu objetivo, existem muitos especialistas na cidade, apesar da pouca divulgação. O violino iniciante varia entre 250 a 600 reais, violinos profissionais custam entre 1.600 e 35.000 reais, e existem os violinos raros, que podem custar milhões de reais.
. Além de trabalhar com música eletrônica, você já desenvolveu projetos com grupos de rap. Quais os seus planos para o segundo semestre de 2020?
Como a grande maioria das pessoas que iniciam no instrumento, comecei na música erudita há 17 anos, e tem 6 anos que venho desenvolvendo um trabalho na música popular (eletrônica, rap, pop e funk) principalmente em eventos sociais, e para o segundo semestre deste ano pretendo expandir para o nicho das baladas, shows e começar a mostrar também, não só os meus remixes, mas minhas músicas autorais.
. Conheci a sua arte através do vídeo disponibilizado no YouTube “O nome dela é Jennifer”. Quais ações podem ser empreendidas em prol da popularização do violino?
Acredito que toda forma possível, que você puder usar, para mostrar sua arte é válida! Pode-se tocar em orquestras, igrejas, festas de amigos, eventos particulares. A internet e as redes sociais têm sido ferramentas fantásticas para essa divulgação. Hoje em dia, não precisamos de intermediários (rádio, TV, gravadoras, empresários) para mostrar nossa arte, basta que tenhamos um celular com internet.
. Em 2020, teremos eleições municipais. Quais pautas culturais você julga imprescindíveis para apresentação aos candidatos?
Eu não costumo opinar em assuntos políticos, por não entender de gestão pública, acabo sendo parcial, mas minha simples opinião é essa: Existem muitos estudos e provas de como a educação cultural influencia de forma positiva a sociedade. Um exemplo simples seria observar como a arte está tendo papel fundamental para manter o equilíbrio da saúde mental, nessa fase de quarentena, devido à Covid-19, e que em tempos “normais” é muito desvalorizada e pouco incentivada. Acredito que um cuidado maior com os centros culturais, que já existem, e a criação de outros, seja essencial para maior incentivo e expansão das artes.