(Fotos: Divulgação)
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“Em Educação, não existe canetada mágica. Primeiro, deve-se trabalhar a base, depois, os problemas que a base mal trabalhada originou”.
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É essencial a promoção do debate entre a sociedade civil organizada com os agentes governamentais. Hoje, o Brasil é carente de investimentos em políticas públicas de incentivo à educação inclusiva e qualitativa. Vivencia-se dias nos quais o combate a todo tipo de exclusão, o respeito às diversidades e estímulo a ações culturais não fluem naturalmente na rotina do cidadão. Tais condições civilizatórias precisam ser provocadas e disseminadas através de atitudes estratégicas. O ativista, publicitário e educador Ivan Aragão é o idealizador da Campanha Nacional Contra a Criminalidade. A sua militância defende a luta contrária a preconceitos, busca garantias para o acesso à educação e às produções artísticas.
- Assim como formigas, estamos somando para o progresso, trabalhando nessa direção - diz Aragão.
Confira a entrevista com Ivan Aragão
. O que te motivou idealizar a Campanha Nacional Contra a Criminalidade? Quais ações práticas encampadas pela entidade?
Sede por justiça social, mesmo sabendo que a água da justiça não é para todos. A campanha é uma ideia não fixa, pela paz e harmonia social, sujeita a críticas e sugestões, formiguinhas em meio a um furacão. Mas é preciso acreditar que estamos no caminho que aproxima da harmonia e da paz, estamos trabalhando. Visitando escolas e comunidades carentes, conversando com as pessoas, atuando na resolução de conflitos, cobrando às autoridades medidas que minimizem a desigualdade, que é base da violência.
. A Campanha Nacional Contra a Criminalidade recebe qual tipo de apoio, consistente, partindo dos agentes públicos (policiais, professores, vereadores, prefeitos) e sociedade em geral?
Apoio financeiro nenhum, engajamento da população sim, a maioria são estudantes e professores, pessoas ligadas à área da Educação. Apoio suprapartidário é o que faz a ideia girar. Não tem colaboração de vereadores, eles jamais fariam isso, nem quero. Eles são o inverso da ideia que debatemos, nós debatemos um monte de coisas pertinentes para a sociedade, eles debatem interesses, é a velha política partidária, com raríssimas exceções.
. Posicionando-se como educador, quais medidas eficazes contra a violência dentro das instituições de ensino?
O Estado deveria fazer esse debate, ele é que tem os recursos, começando por gerar oportunidades de vida melhor, para estudantes pobres que estão saindo do ensino médio e entrando para as universidades, os que conseguem. Em Educação, não existe canetada mágica. Primeiro, deve-se trabalhar a base, depois, os problemas que a base mal trabalhada originou.
. Qual o paralelo você traça entre a pandemia provocada pelo novo coronavírus e as políticas educacionais brasileiras?
Coronavirus é algo novo para todos nós, e para a ciência, isso será pauta para muitos anos de estudos, não só sobre a cura do vírus, mas sobre o sacode que ele deu no mundo em vários aspectos, o maior não foi o financeiro. Fez acender em cada um de nós a importância de sermos solidários. Esse vírus é, também, fruto da ganância do ser humano. A Política Educacional Brasileira ainda deixa muito a desejar, precisamos acreditar e fazer com que seja melhor daqui pra frente, muita coisa irá mudar, e estamos aqui para evoluir. O Brasil deve rever vários pontos, principalmente o que tange à Educação, valorizar mais o professor e a pesquisa.
. Em 2020, teremos eleições municipais. Quais pautas culturais você julga imprescindíveis para apresentação aos candidatos?
Os candidatos irão apresentar as melhores, né? Querem se eleger a todo custo, é um "bom negócio". A cultura é educativa também. Que tal bolsa cultura para famílias de baixa renda poderem ir ao teatro e cinema, gratuitamente? Incentivos culturais para pequenos produtores de filmes? Todas as sugestões imprescindíveis serão acatadas nas eleições. Ando com pé atrás com a política partidária, mas há outro caminho. O sistema é foda, mas ditadura nunca mais.
. Além de oferta de cursos de requalificação profissional e apoio ao artista local independente, quais as oportunidades de melhoria para a política nacional de educação e cultura?
Começando por respeitar a "Carta Magna", oferecendo mais oportunidades de inclusão e menos exclusão, mais ciência e cultura, e menos censura e repressão. Mais escolas, teatros e cinemas abertos, e menos cabeças fechadas na gestão do país, dos estados e municípios.