(Foto: Divulgação)
“O atendimento a essa população é feito tal como à comunidade ouvinte, com suas adaptações necessárias para aquela realidade e enxergando aquela pessoa como capaz”
Ansiedade, questões relacionadas a trabalho, bullyng e preconceito, devido ao pouco conhecimento que as pessoas têm sobre a surdez. Esses são alguns pontos que psicóloga Caroline Lopes, 26 anos, trabalha com o público em Libra, principalmente com a comunidade surda. Formada em psicologia pelo UBM (Centro Universitário de Barra Mansa), pós-graduanda em Interpretação Docência em Libras pela Unintese, atua no Caps (Centro de Apoio Psicossocial) da Prefeitura de Volta Redonda. Caroline é coautora do livro "Saúde emocional na escola: Um novo olhar sobre a educação".
Confira a entrevista com Caroline Lopes
Trace, por favor, um paralelo (se é que isso é possível) entre o atendimento psicológico das pessoas que não são portadoras de necessidades especiais e da comunidade surda.
Existem dois pontos que podemos pensar a esse respeito. O primeiro é que ainda hoje há muito preconceito a respeito da psicologia. Muitos ainda acreditam que "psicólogo é coisa de maluco". Essa falta de conhecimento também chega à comunidade surda.
Outro ponto é que muitas pessoas classificam as pessoas com deficiência como incapazes e dependentes, o que não é verdade, eles têm suas limitações como todos nós e suas adaptações. O atendimento a essa população é feito tal como à comunidade ouvinte, com suas adaptações necessárias para aquela realidade e enxergando aquela pessoa como capaz.
Quais as maiores dificuldades nesse sentido, ao trabalhar em Libras? Onde estudou Libras, quanto tempo levou para se especializar?
Hoje ainda existe pouco conteúdo acessível em Libras, isso faz com que os usuários dessa língua não tenham acesso a determinadas informações.
A Libras é uma língua com sua estrutura própria, diferente da do português, que está em contínua atualização. Então, estudar é um exercício diário e eterno. Eu iniciei meus estudos em 2017, na Apada (Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Auditivos de Volta Redonda), a partir daí, foram vários cursos e hoje estou cursando pós-graduação em Interpretação e Docência e Libras.
Quanto tempo dura cada sessão? Os resultados positivos são percebidos na mesma média de sessões?
As sessões duram cerca de 50 minutos, onde trabalhamos as principais questões para aquela pessoa. Eu trabalho sob a luz da Terapia Cognitiva Comportamental. Com base nessa terapia, desenvolvemos nossas atividades. Assim como em atendimento com ouvintes, a partir do comprometimento, conseguimos resultados positivos na mesma média.
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"A comunicação muitas vezes é feita de forma oral. No livro, abordo essa questão da comunicação e trago a reflexão sobre como incluir as pessoas com surdez usuárias da Língua de Sinais, através de uma visão histórica".
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Quantos pacientes você atende? Pode contar um caso (sem citar nomes, é claro) de algum paciente que você tenha atendido e que hoje se encontra bem?
Já atendi muitos casos, com pessoas das mais variadas idades e gênero. As questões trabalhadas já foram muitas. Muitos me perguntam se a questão que mais eles buscam é a respeito da deficiência, mas não é. Muitas vezes trabalhamos a ansiedade, questões relacionadas a trabalho. Assim como os ouvintes, com muito comprometimento já conquistamos excelentes resultados.
Existem também questões relacionadas a bullyng e preconceito, devido ao pouco conhecimento que as pessoas têm sobre a surdez e a Libras, o que gera uma grande barreira na comunicação. Principalmente nesses casos, é necessário acolhimento e um trabalho em parceria com as instituições, como a escola onde a criança estuda.
Você é coautora do livro "Saúde emocional na escola: Um novo olhar sobre a educação". Quando foi escrito? É uma produção independente ou saiu por uma editora? Quem é (ou quem são os autores) o outro autor?
Esse livro foi produzido no ano passado, em 2019, pela editora APMC. A psicóloga Larissa Baptista, de Manaus, convidou um grupo de 25 psicólogos que trabalha com questões de psicologia escolar do Brasil inteiro para produzir essa obra. Cada psicólogo teve a oportunidade de partilhar seus conhecimentos. Assim, esse livro ficou riquíssimo, com os mais variados temas que auxiliam nesse contexto de promoção de saúde emocional na escola.
Resuma, por favor, os assuntos principais que vocês abordam no livro.
Um dos pontos centrais da nossa vida é a comunicação. Através da comunicação aprendemos e expressamos nossos sentimentos. Na escola, precisamos promover espaços de diálogo e de comunicação efetiva para o melhor dos estudantes, seja para aquisição de conhecimentos, seja para sua saúde emocional. A comunicação muitas vezes é feita de forma oral. No livro, abordo essa questão da comunicação e trago a reflexão sobre como incluir as pessoas com surdez usuárias da Língua de Sinais, através de uma visão histórica.
Esse livro é indicado, principalmente, para professores? Por quê?
Principalmente para os professores, mas também para todos aqueles profissionais envolvidos com a educação e familiares de alunos.
A escola está presente em grande parte de nossas vidas. Dessa maneira trabalhar a Saúde emocional nesse contexto é importante. O livro traz temas como: autismo, ansiedade, drogas, TDAH, Bullyng. Os professores precisam ter os conhecimentos necessários para melhor agir nesses momentos. Os capítulos poderão subsidiar o dia a dia de sua prática.
Onde o livro pode ser adquirido, preço, número de páginas?
Ele pode ser adquirido na livraria do Pontual Shopping, ou entrando em contato comigo. O valor é R$ 43,90. O livro foi produzido pela editora APMC, contém 158 páginas com muito conteúdo importante a respeito da saúde emocional no contexto escolar.
> Contatos profissionais - Instagram: @psicarollopes | Telefone: (24) 99267-8130 | Canal no YouTube: Psi. Carolline Nunes Lopes