(Fotos: Divulgação/Celio de Lima)
“Trago o resgate da importância do cuidado com a Terra”
Nascido em 1987 na cidade de Uruaçu (GO), o artista plástico Wessilei Gama Barroso (Wes Gama), autodidata em artes visuais e muralismo, é querido pelos seus pares e admirado pelo público que depara com as intervenções nas ruas e galerias a céu aberto no Estado de Goiás, Minas Gerais, Paraná, Ceará e outras localidades. A preservação da natureza, a figura do povo simples, o regionalismo e o universo psicodélico integram a temática em suas manifestações no muralismo e graffiti. No edifício Alencastro Veiga, localizado na Rua 3, no setor Central em Goiânia, sobressai a ilustração de uma menina carregando um vaso com planta. A obra mobiliza a atenção das pessoas que transitam por ali, e destaca-se com forte repercussão nas redes sociais.
Confira a entrevista com Wes Gama
. Como começou o seu envolvimento com as artes visuais? Quais as suas referências artísticas?
Comecei a pintar nas ruas através da pichação, no ano 2000, morava no setor Coimbra, em Goiânia, e lá tive contato com alguns amigos que também estavam começando a pichar, influenciados pela geração anterior, a partir daí, começamos a fazer graffiti no bairro, e tinha como referência no início, artistas goianos, como: Scooby, Ebert Calaça, Júlio Testa, Costa. Depois, através da revista “RapBrasil”, conheci o trabalho dos Gêmeos, Speto, Vitché, Niggaz e outros.
. Como você define o seu estilo inventivo?
Acho que meu trabalho é simples, tento fazer algo simples e legível. Sempre desenhei com linhas firmes e colorização lisa e saturada. Trabalhei com ilustrações e serigrafia pra camisetas durante a minha adolescência, e isso influenciou um pouco para ser um desenho tipo vetorial.
. De que maneira a pandemia do novo coronavírus (Covid-19) está afetando a sua rotina de criação e execução?
No início da pandemia, fiquei mais concentrado no meu estúdio criativo, produzindo telas e ilustrações. Do mês de julho para cá, venho fazendo alguns murais de forma cautelosa.
. A intervenção realizada no edifício Alencastro Veiga, na Rua 3, no setor Central em Goiânia, faz parte do projeto Manifesto Urbano, e esse visa a transformação da paisagem das cidades por meio da arte pública. Quais as dimensões do painel? Qual o volume de tinta utilizado?
O mural tem mais de 780 m², gastei em torno de 300 litros de tinta.
. Quantos dias de trabalho foram necessários para conclusão do desenho? Você trabalha sob encomenda?
Foram 16 dias de pintura e mais 7 dias entre manutenções no maquinário e pausas para chuva. Sim, alguns trabalhos são encomendados, porém sempre mantendo o conceito e estética do que venho produzindo.
. Quais as mensagens você pretende transmitir?
No meu trabalho falo sobre o passado e o futuro, se misturando entre saberes e projeções. Acredito e valorizo muito os povos tradicionais da nossa Terra, indígenas, quilombolas, camponeses. Trago o resgate da importância do cuidado com a Terra e da intimidade que precisamos ter com a natureza, de modo geral, sem destruir, pois somos um só corpo; Homem e Terra.
. Quais os próximos projetos e as novidades em andamento?
No momento estou pintando outro prédio, também na Rua 3, no setor Central. Quero falar mais com as pessoas nas ruas, através das pinturas. Além disso, que venham mais murais enormes, como esse, pra nossa cidade.