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Literatura & Cia.

Jean Carlos Gomes

poearteditora@gmail.com

Poesia Entrelaçada

Tanussi Cardoso - Exercício do olhar poético

Poeta, crítico, contista, tradutor, letrista e compositor fala sobre a arte de escrever, mídias digitais e crítica literária

Entrevistas  –  06/06/2021 17:22

  • Com Bruno Cattoni e Salgado Maranhão

  • Com Cacau Gonçalves, Cláudio Leal Cacau e Dalmo Saraiva

  • Com Adriano Espínola

  • Com a atriz Maria Pompeu

  • Com Mano Melo e Jorge Ventura

  • Da esquerda para a direita: a cantora Tânia Malheiros, a atriz e diretora Mônica Serpa e as poetas Anna Maria Fernandes e Rose Araújo

  • Com o saudoso poeta Marcus Vinicius Quiroga

  • Com os poetas Marcio Catunda, Elaine Pauvolid e Ricardo Alfaya

 

(Fotos: Divulgação)

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“Para mim, escrever é como respirar, comer, beber água: é vida. É algo essencial, prazer, necessidade, liberdade. Uma necessidade pessoal de expressão. Uma espécie de salvação”.

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Tanussi Cardoso é carioca. Formado em jornalismo e em direito. É poeta, crítico, contista, tradutor, letrista e compositor de MPB. Tem poemas publicados em mais de dez países; e traduzidos para o inglês, francês, espanhol, italiano e russo. Publicou 13 livros de poemas, entre eles: em 2000, “Viagem em Torno de”: Prêmio ALAP de Cultura 2000, e Prêmio Capital Nacional 2000 - Poeta do Ano. Em 2006, “Exercício do Olhar”, eleito o Melhor Livro de Poesia de 2006, pelo Congresso Latino-Americano de Literatura. Em 2008, “50 Poemas Escolhidos Pelo Autor”, que, em 2014, recebeu nova edição, publicada pela Ed. Fénix, em Odivelas, Portugal. Em 2009, “Del Aprendizajedel Aire”, coletânea bilíngue (português-espanhol), com tradução do poeta chileno Leo Lobos e da poeta mexicana Angélica Santa Olaya. Em 2013, “Teias”: Prêmio Literário Narciso de Andrade. Em 2017, “Eu e Outras Consequências”: Prêmio Manuel Bandeira 1919, da UBE. Tanussi Cardoso é vencedor de mais de 40 prêmios literários, nacionais e internacionais. Seu livro “Exercício do Olhar” foi traduzido ao espanhol, pelo poeta peruano Óscar Limache, sob o título “Ejercicio de la mirada”, e publicado, em 2020, pela AmotapeLibros, no Peru. Seu poema “Substantivos” é estudado em algumas gramáticas contemporâneas, inclusive, em uma gramática de aprendizagem de português para japoneses, “Português Vivo”, publicada no Japão. Já se apresentou no México, Chile, Colômbia, Peru e Bolívia. Pertence ao Pen Clube do Brasil, à UBE-RJ, à APPERJ. Foi integrante da Representación Internacional de La Casa Del Poeta Peruano no Brasil. Ex-presidente do Sindicato dos Escritores do Estado do Rio de Janeiro (SEERJ). O notável poeta deverá ser um dos próximos homenageados pela PoeArt Editora em um de seus livros.

Confira a entrevista com Tanussi Cardoso  

Diante da crescente relevância das mídias digitais, que novo cenário se desenha para a literatura brasileira?

Eu vejo com muita positividade qualquer movimento de divulgação de artistas, escritores e poetas. As mídias digitais servem de vitrine para centenas de poetas se conhecerem, trocarem seus trabalhos e divulgarem suas obras. Elas servem como válvula de escape para chegarem diretamente ao público, afinal, a internet é, também, uma ferramenta cultural de informação e arte. Acredito que os meios eletrônicos e visuais vieram somar, abrindo novos canais de expressão. Há um processo novo no ar e isso é bom, como marca de nossa literatura contemporânea. Temos de aprender a lidar com ele.

A constante crítica de que somos um país de poucos leitores interfere de alguma forma em sua atividade?

Apesar da veracidade do que afirma a pergunta, essa triste realidade em nada interfere no meu trabalho, que é um trabalho pessoal, interiorizado, que tenta se equilibrar entre razão e emoção. No mais, tento trabalhar, como poeta, jornalista e cidadão para que, um dia, possamos todos sermos leitores, estudiosos, em essencial, num país mais digno e que coloque a cultura como força-motriz para o crescimento de uma nação, o que, infelizmente, não está acontecendo neste momento triste em que vivemos.

O que a literatura de mais satisfatório lhe proporciona?

Tudo. Toda arte, a literatura incluída, me ajuda a ser um homem melhor. Nietzsche dizia que “a arte existe para que a realidade não nos destrua”, porque, na verdade, ela nos dá felicidade e dignidade. Para mim, escrever é como respirar, comer, beber água: é vida. É algo essencial, prazer, necessidade, liberdade. Uma necessidade pessoal de expressão. Uma espécie de salvação.

Qual é a função da literatura na sociedade?

Acredito que toda linguagem contém a fala do seu tempo, assim, o escritor tem que ter a voz do seu tempo, dialogar com a sua realidade. Fazer poesia é trazer esperança para as pessoas, mas ela tem como base a estética e tudo o que ela representa em linguagem e forma, logo, não creio que a literatura, ou a poesia, deva ter uma “função”, mas ter compromisso com o prazer que se encontra na sua própria linguagem. E como disse o saudoso Sérgio Sant´Anna: “ela tem a função de fazer o ser humano pensar e sentir”.

Um crítico literário deve analisar apenas um poema ou a obra como um todo?

Um poema pode afirmar ou não o talento de um poeta; um crítico pode ver num poema isolado algo magistral que, não necessariamente, seja ratificado num livro. Portanto, me parece, é a obra que vai ditar o talento ou não de um escritor.

Uma mensagem aos autores iniciantes?

Que leiam muito, não existe escritor sem leitura, de preferência, os bons autores, mas, leiam tudo o que chegar às mãos. E acreditem que podem, não percam a esperança ao primeiro “não”, desistir, quase sempre, traz frustração futura.

O que acha de nossa iniciativa de entrevistar/homenagear renomes de nossa literatura, fazendo, além de uma justa homenagem, um fomento entre o autor consagrado e o autor iniciante?

Toda a iniciativa que vem para elevar a nossa cultura, principalmente, através do pensamento de seus autores, é digna de todo aplauso, num momento, inclusive, tão tenebroso para a cultura e educação brasileiras. Só me resta agradecer pela lembrança do meu nome, para somar neste espaço tão importante para quem ama literatura. Parabéns pela iniciativa. Muito obrigado pela oportunidade.

Fado

(Tanussi Cardoso)

agora
podes ficar onde a tormenta não mais te alcança.
onde Deus não mais te eleve.
onde o mar não mais te salgue.
onde o azul não te aborreça. 

é assim o amor - vela por nada. cuida por nada.
e quando pensas que és,
teu sangue estanca. 

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Por Jean Carlos Gomes  –  poearteditora@gmail.com

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