(Foto: Reprodução/Facebook)
Sala de Espetáculos Tulhas do Café foi concebida de modo a priorizar a pluralidade,
a polifonia e as múltiplas potencialidades cênicas, tendo sua configuração espacial
livre para receber diferentes propostas de utilização e formatação
Os coletivos de criação cênica de Barra Mansa, de teatro como de dança, se reuniram para oferecer à Fundação Municipal de Cultura de Barra Mansa o projeto Primeiro Sinal - Mostra de Artes Cênicas. Uma mostra com jovens alunos e artistas amadores que começa nesta quinta-feira, 19, e segue até sábado, 21, sempre às 20h, na Sala de Espetáculos Tulhas do Café, no Parque da Cidade, no Centro. O projeto foi elaborado para incentivar a prática artística aos alunos de teatro e dança de grupos, projetos e casas de cultura do município, promovendo o estímulo da troca de saberes e celebrar um encontro, principalmente como uma maneira de revitalizar a relação público-plateia. Além disso, propõe-se a ser um evento teste de abertura da nova sala pública de espetáculos de Barra Mansa.
Mostra é um movimento político dos grupos da cidade
Primeiro Sinal - Mostra de Artes Cênicas é um movimento político dos grupos artísticos da cidade, entre eles, o Coletivo Teatral Sala Preta, o Projeto Dança e Magia e a Casa de Cultura Arte In Foco. A mostra não visa qualquer participação de lucro, pois não tem patrocínio e tudo é oferecido gratuitamente ao público. Todos esses grupos estão envolvidos com a política cultural do município e agora, como forma de pressionar a entrega da obra do Tulhas, essas instituições propuseram um soft opening para a Fundação de Cultura. Nós tivemos a oportunidade de ocupar o espaço com a Tomada Urbana (projeto do Sala Preta realizado no mês passado), outros grupos também já tiveram o empréstimo do espaço, mas sem a presença do público. Agora é hora do grande teste.
Soft opening é um termo inglês, que traduzido significa abrindo suavemente. O termo é usado para a realização de eventos testes de obras recém acabadas e serve para avaliar os impactos que os eventos podem causar na infraestrutura da obra, como controle de entrada e saída de público, instalações elétricas, hidráulicas, entre outras áreas. Grandes teatros e estádios passaram por esse sistema e puderam realizar ajustes necessários para a verdadeira inauguração.
A mostra é uma realização em parceria do Coletivo Teatral Sala Preta com o Projeto Dança e Magia e conta com a participação da Casa de Cultura Arte In Foco e da dançarina barramansense Mellany Lima. O superintendente da Fundação Municipal de Cultura, Cláudio Chiesse, que apoia o projeto, afirma:
- Preciso ver este espaço funcionando o mais rápido possível, saber que um equipamento cultural desses, numa cidade como a nossa, está obsoleto, é de tirar o sono. Essa mostra é uma iniciativa desses meninos que demonstra o interesse da população por ocupar aquele espaço como deve ser ocupado. Agora, nós sabemos da morosidade no andamento das burocracias do poder público, e por isso estamos canalizando todas nossas atenções para abrir o espaço. Esperamos inaugurar o espaço antes do Carnaval.
Um espaço conquistado pela comunidade artística
O Tulhas do Café é uma sala de espetáculos que foi construída com verba do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Cultural dos Municípios, o Padec, do governo estadual, com uma contrapartida de 20% do município. A obra foi orçada em R$ 365 mil, teve início em 2011, e até hoje ainda não teve a prestação de contas da construtora responsável pela obra com o Estado.
A produtora do Projeto Dança e Magia, Cristiane Ribeiro afirma que "entramos nesta iniciativa pois sabemos da luta para a conquista deste espaço e, além disto, sabemos como é realizar uma produção, por menor que seja, em nosso município. As artes de espetáculos precisam urgentemente que este espaço seja ativado". Cristiane também integra o Conselho Municipal de Cultura que tomou posse em 25 de novembro, no gabinete do prefeito.
A Sala de Espetáculos Tulhas do Café é um espaço conquistado pela comunidade artística da cidade em parceria com o poder público. Ela foi concebida de modo a priorizar a pluralidade, a polifonia e as múltiplas potencialidades cênicas, tendo sua configuração espacial livre para receber diferentes propostas de utilização e formatação. Uma mostra como esta prevê receber trabalhos consagrados na cidade como as coreografias do Projeto Dança e Magia, sucesso de público, que necessita de palco italiano, coxia e plateia frontal, além de trabalhos recém estreados, como a obra "O casamento do pequeno burguês", texto de Bertolt Brecht, com os alunos do Curso Sala Preta, em formato pista.
Os três sinais de Moliére
Dar três sinais antes de uma apresentação artística é uma tradição secular no teatro, desde de o classicismo francês, com as famosas cajadadas do dramaturgo cômico Moliére (1622-1673). Uma apresentação artística é sempre um risco. Há o risco do artista que se expõe, o risco da primeira vez em cena, o risco do julgamento da plateia e, no caso da acrobacia, o risco de uma lesão. Esse é um tempero que transforma a arte cênica como a arte do agora, da presença única, efêmera e transcendente. Quando propomos dar o Primeiro Sinal dentro da Sala de Espetáculos Tulhas do Café, é um ato simbólico para esses alunos iniciantes, e para o espaço que acaba de abrir suas portas.
Acontecimentos como esses num município como Barra Mansa oportunizam a transformação dos espectadores, que normalmente comparecem uma noite e desaparecem, em espectadores que, além de ver os atores, se mostram e se apresentam, e consequentemente constroem e compartilham as ideias, conhecimentos e saberes. Para o sucesso do projeto Primeiro Sinal - Mostra de Artes Cênicas é fundamental a mobilização dos agentes culturais que promovem a prática artística na cidade. Esses artistas percebem um espaço obsoleto com enorme potencial econômico criativo, como o Tulhas, no Parque da Cidade, e se lançam no desafio de fortalecer ainda mais a produção e exibição de espetáculos de teatro e dança na cidade.
A articulação do projeto foi levada pelo Sala Preta, mas cada grupo com sua representação está diretamente envolvido com todos os passos da produção do evento. Dada a importância da mobilização desses artistas, Bianco Marques, músico, ator e integrante do Sala Preta, diz que "é fundamental que o público compareça e descubra o patrimônio que estamos prestes a receber em nossa cidade".
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A programação inteiramente gratuita
> Dia 19, às 20h - Dança e Magia: Coreografias: Variação Feminina de Arlequinade, Variação Femininade Paysant, Variação Masculina de Paysant, Variação Feminina de Esmeralda, Por uma Cabeça. "Tree faces of dance" - Coreografia Mellany Lima. Estilo: Ragga Jam.
> Dia 20, às 20h - Esquete "Eu aceito" - Direção Maristela Araújo. Casa de Cultura Arte In Foco. "O Casamento do pequeno burguês" - Curso Sala Preta (classificação 16 anos).
> Dia 21, às 20h - "O casamento do pequeno burguês" - Curso Sala Preta (classificação 16 anos).