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“IX Coletânea Viagem pela Escrita” é o resultado do IX Concurso Nacional Viagem pela Escrita e homenageia o poeta Adriano Espínola
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A “IX Coletânea Viagem pela Escrita” é o resultado do IX Concurso Nacional Viagem pela Escrita, que teve a participação de 46 escritores de 16 estados brasileiros. Conforme o regulamento, uma comissão avaliadora, formada por nomes do meio local, classificou cinco poemas em primeiro lugar:
. “Drama”, de Carlos Henrique Costa;
. “Sobreviventes do amor”, de Eurípedes Leôncio Carneiro;
. “Regime fechado”, de Gilliard Santos da Silva;
. “O tempo do ser”, de Pietro Costa;
. “Conflitos noturnos”, de Renato Ferraz.
Poemas de escritores de Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e do DF, estão no livro, divididos em duas modalidades de participação: Cinco Primeiros Colocados e Poetas Selecionados.
Homenagem
Adriano Espínola é o homenageado na A “IX Coletânea Viagem pela Escrita”. A entrega do livro (e do Quadro Homenagem) foi realizada na Livraria da Travessa em Ipanema (RJ), em 1º de setembro. Na ocasião o autor lançou o livro “O Cego e o Trapezista” (crítica literária) pela Cepe (Companhia Editora de Pernambuco). Junto ao seu livro lançado, os convidados receberam um exemplar da coletânea de presente.
Espínola nasceu em Fortaleza, em março de 1952, filho do advogado e professor Hildebrando Espínola e Dulce Maria Espínola. Cresceu e educou-se na mesma cidade. O último ano do segundo ciclo concluiu na Huntington High School, em Nova York (1970-71). Ingressou em 1972 no Curso de Letras da UFC, onde diplomou-se em dezembro de 1975. Passou no ano seguinte a ensinar nas universidades de Fortaleza e na Federal do Ceará.
Em 1986, mudou-se para o Rio de Janeiro, a fim de realizar curso de mestrado em Poética na UFRJ, concluído, em 1989. Em agosto do mesmo ano, seguiu como professor-leitor para a Universidade Stendhal Grenoble III (FR), onde lecionou cultura e literatura brasileiras até 1991. Retornou ao Rio, em 1993, como aluno do curso de doutorado, ao término do qual apresentou tese sobre o poeta barroco Gregório de Mattos, sob a orientação do professor Antonio Carlos Secchin.
Passou a lecionar, de 2003 a 2007, nos cursos de graduação e pós-graduação do departamento de Teoria Literária da UFRJ, como professor visitante. Hoje, aposentado e radicado no Rio, pertence ao PEN Clube do Brasil e à Academia Carioca de Letras. É casado com Moema Roriz Espínola e tem dois filhos: Paloma e Adriano Filho; ela, professora e pesquisadora; ele, cineasta e expositor.
Antônio Torres - Na mesma data estivemos na Academia Brasileira de Letras (biblioteca) para entregarmos o Quadro Homenagem (referente ao livro “X Coletânea Século XXI”, de 2020) ao romancista e acadêmico Antônio Torres que, devido à pandemia do novo coronavírus/Covid 19, ainda não tinha sido possível.
Confira a entrevista com Adriano Espínola
Diante da crescente relevância das mídias digitais, que novo cenário se desenha para a literatura brasileira?
Não só para a literatura brasileira, mas para a mundial, as chamadas mídias sociais vêm redesenhando o espaço comunicativo do texto literário, podendo um autor atingir, numa só postagem (de um poema ou conto, por exemplo), centenas e até milhares de leitores. Com a vantagem, ainda, de contar com feedback quase imediato, através de curtidas e comentários. Continuo, porém, acreditando na permanência do livro físico.
A constante crítica de que somos um país de poucos leitores interfere de alguma forma em sua atividade?
Não. Por vivermos em um país de baixo nível educacional e cultural não significa que devemos fazer literatura de baixa qualidade. Ao contrário. Machado de Assis é a prova inconteste desse empenho em realizar uma literatura de altíssima qualidade a despeito dos poucos leitores na sua época.
O que a literatura de mais satisfatório lhe proporciona?
A luta, o jogo, o trabalho com a linguagem, de um lado. Momento mágico em que as forças da imaginação e do inconsciente entram em tensão com as do pensamento, no processo da criação do poema ou da narrativa, cujo resultado muitas vezes surpreende. De outro, tenho enorme satisfação como leitor, quando leio (e releio) as páginas de um bom poeta ou ficcionista. Diria, como Borges, que nesse caso me orgulho dos poemas e narrativas que li.
Qual é a função da literatura na sociedade?
Educar a sensibilidade, bem como elevar a consciência crítica do leitor diante do mundo e da própria condição humana. Outra função, não menos importante, seria a de alimentar o imaginário, isto é, a sua capacidade de sonhar e de outrar. Viajar. Tudo isso (e mais alguma coisa) só é possível, entretanto, se a obra for capaz de proporcionar prazer ao leitor, através da linguagem artisticamente trabalhada.
Um crítico literário deve analisar apenas um poema ou a obra como um todo?
De ordinário o poema guarda autonomia estrutural em relação a outro, embora integre a mesma coletânea. O crítico poderá eventualmente estabelecer relações de identidade ou oposição entre poemas do próprio autor ou ainda de outro poeta. Ele é que decide se analisa e interpreta uma só peça ou várias, correlacionando-as ou não, do ponto de vista temático ou formal.
Uma mensagem aos autores iniciantes.
“Poesia? É um hobby (...) / Não é um trabalho. Você não sua a camisa. / Ninguém paga nada por ele”. (Basil Bunting). “Lutar com as palavras / é a luta mais vã. / Entanto lutamos / mal rompe a manhã”. (Drummond)
O que acha de nossa iniciativa de entrevistar/homenagear renomes da literatura? Fazendo, além de uma justa homenagem, um fomento entre autor consagrado e o autor iniciante?
Creio que com isso você realiza valioso trabalho. Estimulante para os dois lados. Principalmente para o autor dito consagrado, pois ele, ao contrário do que se pensa, está sempre aprendendo e reiniciando o seu ofício.