(Fotos: Divulgação)
"O momento se faz justamente no instante em que ele é.
Basta atenção para escrever ao que a mente tenta agarrar os sentidos"
Lianto Segreto nos mostra o quão simplório e ao mesmo tempo complicado, de uma forma bonita e fácil de desvendar, é o amor e qual o momento de se escrever. "Amor é o que nos liga ao aqui e agora. Amar é encarar isso", diz. Uma vez num ônibus uma menina lhe chamou atenção pelo o quê? Leia a entrevista e conheça um pouco mais do mundo feito de palavras, sentimentos e pensamentos que Lianto divide conosco.
1 - Nos fale de você, da sua vontade de fazer arte de como se encontrou fazendo poesia e como se sente fazendo algo tão nobre?
Bem, primeiramente nunca me encontrei comigo, sempre estou mergulhado nesse abismo que habita no intervalo entre o que penso que sou e o coração. E a nobreza? Isso depende de quem olha, não de mim.
2 - O que inspira você e em que momento você gosta de escrever?
O cotidiano. E ainda não tem momento, ele se faz justamente no instante em que ele é. E para escrever basta atenção ao que a mente tenta agarrar aos sentidos. Ainda que muito inquieta mesmo sejam as perguntas, elas me movem. E tira tudo do lugar. Talvez seja isso, de tentar enxergar tudo no seu devido lugar.
3 - Listas de favoritos, coisas vividas, desejos e sonhos realizados...
. Um filme que te deu medo? "Império do Sol".
. Qual seu livro favorito? Não posso afirmar que é um livro, mas o autor garante que é um anti livro, cujo nome é "Livro do desassossego".
. Escritor? Fernando Pessoa.
. Música e banda? "These days" - Nico.
. Atores favoritos? Al Pacino.
. O que é amor? O que é amar? Amor é o que nos liga ao aqui e agora. Amar é encarar isso.
. Lugar aonde mais vai? Saio às vezes para encontrar as pessoas e o lugar nunca é o mesmo.
. Uma curiosidade sua? Como é ser outro.
. Friozinho, filme e café? Com leite, por favor... Tenho visto de ficção cientifica.
. Um livro que você gostaria de ser? Ulisses, do livro de Uma aprendizagem ou livro dos prazeres.
. Já teve um amor de ônibus, como ela(e) era o que te chamou atenção? Ah, já, mas não era amor, era mesmo um caso de paquera. Ela me chamou atenção pelo cadarço com laços.
. Já dançou na chuva? Sempre danço.
. Sonho ainda não realizado? Deitar numa chalana e descer o Rio Amazonas.
. Um sonho realizado? E ver a minha avó de 90 anos ainda me dar o sorriso.
. Vontade louca de? Me entregar a uma paixão.
. Uma causa social que você abraça com as pernas e braços? A fome e a miséria humana.
. Citação favorita? Ai, ai (suspiros!).
. Poetizar é? Soltar o verso que adentra ao que sinto.
. Um espaço (site) que tem poesia? Casa Fernando Pessoa.
. Trecho de música favorita? "Amar e mudar as coisas me interessam mais" - Belchior
. Nostalgia boa é? Saudade.
. Um cheiro bom de? Coentro e feijão verde.
. A crença em que? Em que tudo é possível.
. O sentimento mais bonito? Ah, a compaixão.
. Tem medo de que? De mim.
. E coragem de sobra para? Enfrentar o meu medo.
"O mistério combina com poesia. Para quem vive o mistério
e compreensão dele, surpreender é o passo para o amor"
4 - Qual sua expectativa para o mundo literário no futuro?
Bem, eu não vivo o futuro. Não sei o que o amanhã traz.
5 - Em nossa cidade você acha que existe espaço e incentivo à leitura?
Um tanto, mas ainda que com a Feira da Gratidão ajude bastante.
6 - Já escreveu e deixou suas poesias escondidas embaixo do colchão?
Colchão, cama, travesseiro e até mesmo em armário.
7 - Porque resolveu colocá-las num varal pro vento espalhar?
A fluidez se dá no ato. Depois de feita, vai para onde for carregada.
8 - O que combina com poesia?
O mistério. Para quem vive o mistério e compreensão dele, surpreender é o passo para o amor.
9 - Uma poesia/prosa/conto ou crônica de sua autoria
"Mistérios"
Que universo existe entre o pensamento e a palavra?
Entre o som e o silêncio?
Que notas existem entre dó e ré?
Melhor, entre dó e o seu sustenido?
Que vibração serpenteia no infinito quando num surto o verso desencadeia em melodia em teia?
Sou o intervalo doloroso entre o nascer e o morrer.
Sou o intervalo poético entre a inspiração e o escrever.
Sou a pena que atesta a palavra sobre a pena de existir.
Sou aquele que encena no palco da existência.
Sou fé e paciência.
Sou palavra e silêncio.
Um foco de luz repleto de treva, caminhando na terra e mergulhando no mar.
Sou Deus, por participação.
Inércia e variação.
Canto escondido, poeta entretido.
Observador observado.
Viajante do infinito.
Poesia do não dito.
Concreto símbolo do abstrato.
Lar amarelo de vida.
Caso perdido, um achado no vale do grande nada.
Contemplação completa.
Mistério.
Sou o que não pensam de mim.
Sou o que não sei de mim.
O sorriso no rosto do palhaço.
O néctar da dúvida.
Efígie mental.
Caminhante elemental.
Lágrima sutil.
O momento de amor.
Sou um segredo: Aquilo que não pode ser revelado.
> Conto escrito dentro da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro
"Coragem e coração"
Saíram para celebrar a vida que tiveram. Era o sublime elo do que o amor constrói. Somente ao olhar bastasse para que a paixão inflasse ao peito.Ele, franzino mas valente que era,somente apontar a qualquer que ousasse a tocar em sua dama.O revolver era engatilhado a bala de prata,desses que perfuram e penetram no sujeito sem deixar rastros,só o furo basta.Ela toda delicada,cheirosa rodeava ao casarão sempre para ir ao encontro do seu querido.Em uma noite,ele resolveu ficar em casa;não quis sair.Hoje vou avistar o céu,quero deitar me na relva,disse Romão. Jurema aceitando o desejo do marido foi fazer uma oração a São Sebastião, pois o carnaval estava próximo. E assim na Igreja com badaladas e orações as mãos dispostas ao clamor divino pôs os olhos ternos em cima do padre, Claudio Costa era seu nome. Recém teólogo da cidade,jovial,sorridente se punha no centro do local sagrado e desperta ao olhar de Jurema,suou,como leve movimento da face risonha se fez ali na frente, a beleza do que transcendeu e não se apelou ao sensível , a condução de sua razão disse e se declarou: Perdidamente apaixonado.E assim acabara a missa,foi aos seus aposentos,Jurema seguiu o caminho de casa;mas antes foi querer fazer uma surpresa para o expectador das estrelas,comprara vinho e velas para ao seu novo momento para com Romão compartilhar.E assim foi na caminhada de casa.Romão se frustrou com o comportamento da mulher,recolheu se no silencio do céu e desde então ficara em paz. Nunca mais se ouvira falar em tom alto, em querer enfrentar o mundo com a violência. E Jurema de bom coração,leve e serena índole se pôs a ir na Igreja todo dia para ir ao confessionário para relatar a estranha nova vida do marido.O padre se pôs a dizer: - Nas estrelas é onde o infinito amor põe a nos limitar. O amor é a ponte para a paz abrigar. E ela, descompreendida nada fez, só agradeceu a ajuda do padre e a caminho de casa se foi.E assim dias se tornaram semanas,semanas e semanas,Romão enfeitando a casa com velas de diversas cores,em cada canto da casa tinha uma,quando ao alto se releva ao altar para um santo qualquer comprado em loja de oferendas,cantarolava versos de Roque Ferreira ao banho: “ Na Bahia é São Jorge , no Rio de Janeiro é São Sebastião, Oxossi é quem manda nas bandas do meu coração”,atravessara o corredor da casa cheirando a flores, ao encantos e caprichos Jurema suspirava mas com o coração apertado.E assim foi até o dia em que a folia na cidade se instalou. A festa estava por toda cidade, em cada piscar de olhos todos em euforia para a banda de músicos e palhaços estavam na praça em frente à Igreja onde o sino se badalava. Nesse dia, Romão em sua perenidade cotidiana saiu pela manhã a caminhar,andou pela cidade,foi até ao mercado se pôs a conversar com os amigos de bar.Não bebeu.Não fumou. E nem sequer soluçou de ira. Diante disso, ao bar o que antes era motivo de olhar de desconfiança,agora se tornou e consagrou um mistério,ninguém entendeu,assim ele foi no alfaiate pediu uma roupa simples para festejar o tal acontecimento nacional;afinal demonstrara a sua alegria para no coração abrigar o que se tem de mais valioso: A paz.
Mas para isso; o costureiro deu lhe uma tonga franciscana, ao longo do corpo torneou e disse olhando ao seu reflexo no espelho pequeno: - Perfeito.
Romão nas ruas era de assustar, no dia de pular, ele estava a orar, louvar o que nos olhos do céu ao seu sentimento cintilou. O padre logo vendo aquilo se abençoou e disse ao alto: Senhor, na beleza da vida quero em seu nome nesta tarde de folia ser purificado com seu amor e louvor.
E por detrás de Romão, estava Jurema, saltitante, andando com o marido até que os passos largos e rápidos foi ao pé do padre agradecer pela paciência. E ele pegou em suas mãos,justapostas com as suas,olhou-a e abraçou fortemente.Romão nem se mexeu,não tinha motivos para mudar,afinal em agradecer ao um padre é uma benção.Saíram os três a andar,até que um dado momento, a fome se fez presente ao momento,na mesma hora o casal se perguntou ao padre se ele aceitava um almoço na humilde casa deles,aceito,felizes e se assim terminaram os assuntos.No caminho da mansão, o portão estava aberto com o cadeado aberto ao chão,invadida por gente estranha fantasiada de índio carregando televisão e rádio ás pressas,os disfarces era melindrosamente para não clamar a vizinhança.E no corredor os disparos foram feitos ao espaços entre o casal e os quartos.Ninguém saiu ferido.
Ao espanto, saiu do quarto, entre os disparos que haviam penetrados ao corredor não eram mais os mesmos. Somente encostados nas paredes de frente ao outro, ela que tanto o amava, de contra ao que foi, passara até o seguinte lado, abraçados ao novo companheiro pelo medo e sortido encontro, os índios se foram correndo, apressados e quando o susto se acabou, pregado a uma roupa de serviçal angelical, fora um gesto de aberto aos céus com os olhos abertos, exclamando: - Agradeço! Com a vida de servir o bem sagrado que passou a contemplar a divina presença de sermões. E todos são vermelhos na América do Sul.
10 - Seu contato e espaço na internet.
11 - Um recado pra quem esta te lendo.
Ouse investigar o desconhecido.
12 - Nos indique um livro que você queira espalhar para as pessoas, fale sobre ele e por que deveríamos ler.
Uma aprendizagem ou livro dos prazeres, um livro que conta como nos tornar mais humanos.
13 - Nos fale de um artista da região que deveria estar na publicação de "Escritores que você tem que conhecer"...
Richard Bruno.