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Cláudio Alcântara

claudioalcantaravr@hotmail.com

Coatoria

O sussurro poético de Carolina Quintella e Eduarda Vaz

Livro ganha lançamento no restaurante Spetto Brasil, em Volta Redonda

Livros  –  01/10/2019 23:14

(Fotos: Divulgação/Gabriel Galdino - @gvldino)

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“Sussuro: Cantos de chuva” será lançado em 5 de outubro (sábado); evento terá formato de sarau, com leitura de poemas e a participação de artistas amigos 

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O sábado, 5 de outubro, será de “Sussurro” no restaurante Spetto Brasil (Rua 12, nº 190, Vila Santa Cecília, Volta Redonda). Às 17h, Carolina Quintella e Eduarda Vaz lançam o livro que escreveram juntas. O lançamento de “Sussurro: Cantos de chuva” será em formato de sarau, com leitura de poemas e a participação de artistas amigos.  

Carol conta que nunca teve ambições literárias, ou seja, escrever nunca foi para ela uma decisão.  

- Escrevo contos desde muito nova, mas só quando ingressei na faculdade de letras, momento em que se me descortinou o macrocosmo literário, é que, naturalmente, despertei a escrita mais consciente e o desejo de publicação. Tive acesso a distintos meios de publicação nacional e internacional: revistas literárias, blogs, certames, antologias e livros. Em quase todos publiquei contos. “Sussurro” foi minha primeira experiência com publicação de poesia. Pouco depois, e ainda este ano, tive a felicidade de ser premiada internacionalmente nesta categoria.  

Eduarda, desde muito pequena, carrega um caderninho e caneta. Começou com os poemas, depois, desistiu (ainda que continuasse escrevendo narrativas) e aos 17 anos reencontrou-se com eles para nunca mais deixá-los.  

- Escrever converteu-se no que era e é ser “eu”. A poesia guiou muitas das minhas decisões, como a faculdade, por exemplo. Por conta dela, aprendi bastante de mim e pude viver grandes alegrias. Meus poemas já saíram em diversas revistas literárias que admiro, online e impressas, em antologias e em zines. Além disso, ganhei prêmios e menções honrosas, inclusive o Prêmio OLHO VIVO 2018.  

Confira a entrevista com Carolina Quintella e Eduarda Vaz 

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Eduarda (à direita) ganhou o Prêmio OLHO VIVO 2018 - Categoria Poeta 

O que o leitor vai encontrar em “Sussurro: Cantos de chuva”? São poemas que falam sobre o quê? Há um conceito, ligando os poemas de cada uma? Ou não?  

Eduarda: Em “Sussurro: Cantos de chuva”, como diz Heloísa Buarque de Hollanda, o que se encontra é "o caminho reto em direção ao outro, à escuta, à fala, à permissão do jogo especular, da criação compartilhada". Os poemas falam do permitir-se, do voltar os olhos para dentro e para fora, simultaneamente; de ceder e de não ceder; do lugar e do não lugar; cabe um pouco de tudo. Os poemas vão alinhavando o projeto poético em sua exata ordem constelatória, tecendo um bloco indivisível de cinco capítulos. Com exceção do capítulo "Outros" e de algumas outras passagens, a maioria se corresponde e se continua, como a ressonância de um diálogo - cada um escrito por uma autora, ou melhor, por um eu-poético. Há apenas um poema escrito em conjunto.  

Como nasceu a ideia do livro e como foi escrever em coautoria? 

Carol: A ideia nasceu despretensiosamente. Eduarda soube da chamada da Urutau faltando 15 dias para o fim do prazo e, por acaso, perguntou se eu aceitaria escrever um projeto em conjunto para enviar. Um pouco louca, talvez. Eu disse: Vamos começar domingo! Mais louca ainda, talvez. Já tínhamos a experiência de escrever juntas trabalhos acadêmicos e sabíamos que do encontro das duas nascia uma escrita profunda e bonita e o mesmo aconteceu com “Sussurro”. A sintonia foi tamanha que virou livro!  

Por que a escolha de "Sussuro para o título do livro? 

Carol: O título do livro é uma espécie de "colagem", ou Keywords (como uma rememoração daquelas que nos guiaram durante o processo de escrita) que resume as correspondências, sem denunciá-las. Todas as palavras que constituem o título formam também o livro e a essência das mais íntimas comunicações, tanto que é possível encontrar “sussurro/sussurrar, canto/cantar e chuva” em vários poemas (palavras anteriores ao título final).  

O livro é uma produção independente? Ou sai por uma editora? Quais as maiores dificuldades para se lançar um livro hoje em dia? Alguma dica para quem pretende seguir esse caminho? 

Eduarda: O livro é publicado pela editora Urutau. Nossa editora acolhe, principalmente, o gênero Poesia e tem uma produção em pequenas tiragens, buscando valorizar o trabalho poético contemporâneo para além do eixo Rio-São Paulo. Estamos passando hoje por uma mudança no meio editorial, com a facilidade das tecnologias e com outras ferramentas para publicação, como os blogs e a Amazon, por exemplo - o que é incrível. Mas, ao mesmo tempo, o livro impresso, que costuma ser um sonho para muitos, costuma ter um processo mais complicado e, muitas vezes, custoso, dependendo do lugar pretendido. Publicar não é fácil, mas há sempre editoras independentes com novas estratégias e, também, chamadas abertas à publicação, como foi nosso caso. Recomendo que os escritores conheçam o trabalho dessas editoras e fiquem atentos. 

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"Eu atribuo a possibilidade e o êxito da conciliação entre técnica e emoção ao escrever poesia à característica poético-pensante da própria escrita literária. Não há maneira de fazer boa literatura apenas com técnica ou somente por paixões. A conciliação é natural do literário".

(Carolina Quintella) 

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Sendo o seu segundo livro, é possível traçar um paralelo entre as duas obras? 

Eduarda: Entre o primeiro e o segundo livro, houve uma passagem de tempo curta. Apesar disso, sinto que desenvolvi muito mais minha escrita e amadureci, fugindo de padrões de escrita e criando minha própria estética. De algum modo, alguns temas perpassam aos dois livros, como o do “permitir-se”, mas considero os dois livros como singulares, com propostas diferentes.

Como é o processo criativo de cada uma? 

Carol: Como contista, meu processo criativo é distinto do que se deu em “Sussurro”. Às vezes os contos me vêm como se intuitivamente, outras vezes são muito pensados, embora o processo de escrita se dê sempre com fluidez. Mas todos são revisados e dormem em minhas gavetas, até que eu os ressuscite de novo e de novo. Em “Sussurro”, que foi, para mim, uma experiência estimulante, a começar pela disposição de espaço, muito menor para o poema do que para o conto clássico, tudo se deu de modo distinto. Dispúnhamos de 15 dias para elaborá-lo. Escrevemos três poemas por dia, cada, o que nos exigiu disciplina e organização, pois o fazíamos junto com outros projetos e encalacradas de obrigações. Acabamos concluindo em dez dias.  

Eduarda: Nunca parei para refletir muito sobre meu processo. Mas sinto que canalizo minhas impressões sobre as coisas que me atravessam (pessoas, outras leituras, o mundo, eu mesma) em palavras. Escrever tem um quê terapêutico. Costumo escrever sempre que encontro calma (o que tem sido raro em minha rotina) e, enquanto escrevo, tento falar os poemas em voz alta, porque busco privilegiar muito a melodia. Às vezes, recorro às colagens, que considero muito surpreendente, nunca começo uma sabendo sobre o que quero escrever e no final gosto do resultado. Escrever “Sussurro” foi um desafio muito prazeroso.  

Escrever exige técnica. Como conciliar técnica e emoção na poesia? 

Carol: É uma excelente pergunta. Eu atribuo a possibilidade e o êxito dessa conciliação à característica poético-pensante da própria escrita literária. Não há maneira de fazer boa literatura apenas com técnica ou somente por paixões. A conciliação é natural do literário.  

Eduarda: Estou de acordo com Carolina. Acredito que a escrita é uma ressignificação do nosso olhar e das nossas sensações, aos quais vamos dando contornos e corpos em texto. Para mim, é uma prática, que exige, portanto, compromisso, sensível, como um contínuo trabalho de acesso a si e ao mundo.  

> O livro custa R$ 40 e pode ser adquirido pelo site da editora Urutau e, em breve, estará também em livrarias de todo o Brasil. Além de ser possível adquirir alguns exemplares conosco. São 81 páginas. Contatos profissionais: carolaquintella@hotmail.com e eduardavazle@gmail.com, também pelo Instagram @eduardavazpoesia 

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Por Cláudio Alcântara  –  claudioalcantaravr@hotmail.com

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