(Fotos: Divulgação)
“Poemas (Quase) Guardados & Poemas a Gosto” foi lançado no fim de 2021 e vem conquistando o público
“Poemas (Quase) Guardados & Poemas a Gosto” foi lançado em 27 de novembro e 3 de dezembro de 2021, em Volta Redonda. No dia 11 do mesmo ganhou lançamento em Barra Mansa. A obra foi contemplada pela Lei Aldir Blanc do governo federal e é mais um trabalho da PoeArt Editora, que desde 2006 já editou mais de 70 livros. Têm 200 páginas, prefácio do jornalista/poeta Álvaro Alves de Faria, introdução do professor/poeta Juliano Carrupt do Nascimento, comentários dos escritores: Anderson Braga Horta, Clevane Pessoa de Araújo, José Huguenin, Selmo Vasconcelos, Silvério da Costa, Flora Figueiredo, Antônio Torres e Antônio Carlos Secchin (contracapa), da Academia Brasileira de Letras, e Pedro Albeirice da Rocha (orelhas).
No final do livro, há fotos coloridas de renomes inesquecíveis que marcaram as letras na região e importantes nomes das letras brasileiras, fazendo assim um documento histórico literário para os anais de nossa história literária. Nas três sessões de autógrafos obtive bons resultados. Agora em 2022 estamos produzindo mais livros e com certeza virão muitos outros, fomentando assim a poesia e a cultura local e nacional interagindo com dezenas de autores, sejam iniciantes ou mais experientes das letras.
Confira a resenha de “Poemas (Quase) Guardados & Poemas a Gosto”
Luiz Otávio Oliani
O sexto livro de Jean Carlos Gomes é um presente aos apreciadores de poesia. Não à toa, em Volta Redonda, onde mora, além das adjacências, percorrendo o Rio de Janeiro ao Brasil todo, Jean Carlos Gomes é um nome do ativismo cultural. Criador do selo editorial PoeArt, além de publicar muitos livros em gêneros diversos, homenageia vultos da literatura nacional. Promove concursos de poesia e dá espaço aos neófitos nas letras, assim como aos poetas consagrados e aos que estão em consagração, publicando-os em volumes diversos.
Mas Jean, de tanto cuidar da obra alheia, de tanto valorizar os pares literários, deixou de ver a própria obra. Agora, tal situação foi reparada.
Com orelhas de Pedro Albeirice da Rocha, quarta capa de Antonio Carlos Secchin, apresentação de Antônio Oliveira Pena, prefácio de Álvaro Alves de Faria e introdução de Juliano Carrupt do Nascimento, o livro “Poemas (Quase) Guardados & Poemas a Gosto”, 1ª edição, Volta Redonda; RJ: PoeArt Editora, 2021, veio a público.
O poema que dá título à obra está na página 36. Traz referências estatísticas para justificar, pela matemática, a gênese dos escritos. Os textos (quase guardados) saíram "(...) diariamente das solas gastas / Dos sapatos, que são aquecidas / Pelo calor do sol, do corpo / De quem nelas pisam, andam / Dia após dia à procura de receitas novas...!”.
O volume tem duas partes. A primeira é de "Poemas (Quase) Guardados", sendo a segunda parte composta por textos ao gosto dos leitores.
A função metalinguística é muito latente no livro, como se vê nos textos: “Intimidade com a escrita I", p.49; "Ver os versos", p.50, "Triste escrita", p.53; "Nascimento Poético", p.62; "Cadê você, Poesia?", p.72; "Ciclo de palavras", p.75;", entre muitos outros textos. Assim, "Poesia é o abrir e fechar dos atalhos", p.18, em "Poesia? O que é isso...,?!!”. Há de se notar, portanto, o trabalho ligado ao campo semântico e a escolha das palavras inerentes ao tema dos textos.
Cabe ainda citar uma exemplificação em um longo metapoema "De onde vêm os versos",p.24, traduz a carpintaria verbal do eu lírico, ora marcado por anáforas e jogos de rimas:"(...) Vêm dos diversos vultos / Dos momentos de livros? // Do meio dos estercos, / Amontoados dentro dos cercos?" Não há a apresentação de respostas imediatas, mas apenas as indagações inerentes ao ofício.
As reflexões filosóficas ocorrem, quando o eu lírico busca os porquês da existência em "O que é vida?", p.98; ou o estar no mundo diante do caos e a reflexão no emblemático "Sou...", p.55.
Diante da morte, o eu lírico, após listar poetas de predileção, como Drummond, Adalgisa Nery, Mario Quintana, Cecília, entre outros, dá-se conta de que em uma "Estante", p.99, o destino de todo poeta será as traças, cupins, pontinhos de ferrugem e manchas amarelas.
Revisitar a infância é um exercício que "O menino e a pipa", p. 61, provoca, já que alguns dos sonhos foram perdidos. Impossível esquecer entes queridos, logo saudades maternas despontam em "Partida? Despedida", p.106.
O locus amoenus e a evocação da terra natal aparecem em "Canto a minha cidade", p.107, como prova do amor pelo chão em que se nasce.
"Visitante sem identidade", p.35, é um texto no qual o eu lírico se identifica com o passado através da referência de um "Pássaro pequeno, / De penas pretas e amarelas", mas de origem e espécie desconhecidas. É a geografia local que marca o eu lírico.
Em "Habitante temporário", p.72, há um olhar espiritual sobre o mundo, já que a poesia se volta a buscar respostas, que o poema não apresenta.
É a presença de uma pessoa não identificada que altera a "Situação deste dia", p.77, quando uma possível aparição provoca a ruptura do estado vigente.
Daí, em "Contato corporal", p.70, o eu lírico já acalenta o encontro com a mulher amada: "Teu corpo é refúgio certo / Pele fina, sedosa, / Uma nota que faltava / Na minha melodia..."
"Nudez", p.42, é um poema que já antecipa a temática lírico-erótica, com um eu lírico cheio de desejos: "A nossa nudez / É uma Única Silhueta, / Apesar de sermos / De Mundos Diferentes." A temática amorosa também aparece em "Acerto", p.53, mas, aqui, há a reflexão do que o amor provoca e não o desejo sexual: "Amar é modificar as almas, / Bater e receber palmas."
Temas sociais comparecem no trabalho. Um exemplo é a questão hídrica em "Água", p.26, poema no qual há preocupação vigente com o "Diamante Precioso do planeta Terra".
Jean Carlos Gomes bebe da intertextualidade em "Canto", p.27, em que se pode fazer releitura parafrásica de versos de "O motivo". Se, para Cecília Meireles, "Sei que canto / E a canção é tudo", Jean escreveu: "Sei que canto // (...) Um canto... / pois tudo é válido, /Tudo passa / Tudo é pranto."
Nota-se que esta poesia é altamente rica de recursos, como se vê na presença de figuras de linguagem, o que é comprovado pelos versos acima, o que não exclui a metáfora: "Cada dia é palavra ao vento", "Diária", p.119.
Na segunda parte do livro, saltam os olhos os poemas ricos de anáforas, nos quais os versos iniciais se iniciam com "Gosto de poemas...", ou "Prefiro poemas...", seguidos por adjetivos ou orações subordinadas adjetivas, ou por versos com abertura diversa, mas sempre enfatizando gostos diversos.
E, se a poesia deve chegar aos outros, "Prefiro poemas / Que a cada estação mudam de órbita / No intuito de captarem mais seguidores." p.170.
> Luiz Otávio Oliani cursou Letras e Direto. É professor e escritor. Em 2017, a convite de Mariza Sorriso, representou o Brasil no IV EPLP em Lisboa. Participa de mais de 200 livros coletivos. Consta em mais de 600 jornais, revistas e alternativos. Recebeu mais de 100 prêmios. Teve textos traduzidos para inglês, francês, italiano, alemão, espanhol, holandês e chinês. Publicou 16 livros: dez de poemas, três peças de teatro e os livros de contos “A Vida Sem Disfarces”, Prêmio Nelson Rodrigues, UBE/RJ, 2019; “Ingênuos, Pueris e Tolinhos”, 2021 e “Um Encontro Inusitado: Concordâncias e Divergências”, em parceria com a escritora Eliana Calixto, Penalux, 2021. Recebeu o título de “Melhor Autor Apperjiano 2019” pelo conjunto da obra. Em 2020, teve poema publicado nos Estados Unidos da América, na Carolina do Norte, em Chapel Hill, na coletânea internacional “VII Heron Clan”, a convite de Todd Irwin Marshall. Em 11 de junho de 2021, a professora doutora Cristiane Tolomei (UFMA) resenhou “A Vida Sem Disfarces” e “Ingênuos, Pueris e Tolinhos”, no canal online A Voz Literária.