Tão logo teve condições de respirar, mesmo com a ajuda
dos "aparelhos de emergência", Neto desfez tudo o que Tereza fez
Sérgio Boechat
O prefeito de Volta Redonda, Antônio Francisco Neto (PMDB) ficou horas fora do governo, depois da sua cassação pelo TRE (Tribunal Regional Eleitoral) e foi substituído pela presidente da Câmara Municipal, América Tereza (do mesmo partido), que é uma "faz tudo o que o mestre mandar", que assinou dois atos administrativos: exonerou o diretor de Segurança Patrimonial da SMA e o diretor do DRH, aquele mesmo da acumulação ilegal permitida pelo prefeito. Tão logo teve condições de respirar, mesmo com a ajuda dos "aparelhos de emergência" do TRE, deu uma demonstração inequívoca da força do seu DNA autoritário: vai retornar ao cargo de diretor de Segurança Patrimonial, da SMA, o major Luiz Henrique Monteiro Barbosa, que só tem criado problemas para a Guarda e para a população, na sua ideia fixa de transformar a GM em um braço da Polícia Militar e também vai renomear o guarda municipal Cláudio Franco, em desvio de função, que trata os servidores a "pedradas" e isso já garante a ele um lugar especial na administração Neto.
A vereadora América Tereza achou que estivesse fazendo um grande favor ao prefeito ao livrá-lo de dois integrantes do seu governo que nunca somaram nada para a sua administração, muito pelo contrário, mas ele gosta desse tipo de gente e já está acostumado a trabalhar com gente desse naipe, principalmente porque eles dão aos servidores aquele "tratamento especial" que alimenta o sadismo do prefeito e faz com que ele se realize por meio das atrocidades praticadas pelos seus dois assessores. Com certeza, vai chegar um dia em que eles não serão salvos e afundarão de mãos dadas com o chefe.
Prefeito vive um dos momentos
de maior desgaste político da sua carreira
É impressionante a cara de pau do prefeito e dos jornalistas da "Rede Neto de Comunicação". O prefeito teve a coragem de dizer, e isto não é novidade para ninguém, mas um jornalista teve também a coragem de publicar as seguintes palavras do prefeito: "Tenho que agradecer à população pela confiança e carinho. As demonstrações de afeto aumentam nossa responsabilidade". O prefeito está vivendo um dos momentos de maior desgaste político da sua carreira. Nunca antes na história política deste município houve um prefeito tão sem credibilidade, tão sem apoio, tão sem reconhecimento e com um nível de aprovação tão baixo, não chegando a 30%! E ainda fala em confiança, carinho, afeto e responsabilidade.
Nunca houve tantos motivos para cassar um prefeito no Brasil. O TRE poderia até não saber por que estava cassando o prefeito, mas o prefeito sabia perfeitamente por que estava sendo cassado.
> Quebrou todas as leis possível;
> Desobedeceu decisões judiciais;
> Jogou para debaixo do tapete o "escândalo da Gide", na Saúde e o "escândalo do RPA", na Cultura;
> Teve as contas rejeitadas pelo Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, em 2011;
> Não cumpre nenhum dos princípios constitucionais da Administração Pública - legalidade, moralidade, impessoalidade, transparência e eficiência;
> Mantém um esquema de nepotismo na Administração Pública, beneficiando ele mesmo, assessores e secretários;
> Comete os maiores absurdos contra a Lei de Licitação e Contratos, locando imóveis sem licitação, beneficiando os assessores dele e outras empresas da cidade e ainda bate no peito, afirmando que a cassação dele não aconteceu por corrupção!
Mandato foi cassado com toda a Justiça
E bisonhamente, ainda confessa o crime que ele cometeu e que levou o Tribunal a cassar o seu mandato, com toda a Justiça. Segundo ele, "o motivo alegado é de que alguns outdoors foram colocados no primeiro turno, não no segundo. Era propaganda institucional, que não interferiu no resultado da eleição". Ele atropelou a Lei 9.504/97 - art. 73 - inciso VI - letra b, que veda aos agentes públicos, "nos três meses que antecedem o pleito", seja no primeiro ou no segundo turno, o seguinte:
"Com exceção da propaganda de produtos e serviços que tenham concorrência no mercado, autorizar publicidade institucional dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos federais, estaduais e municipais ou das respectivas entidades da administração indireta, salvo em caso de grave e urgente necessidade pública, assim reconhecida pela Justiça Eleitoral". Para quem nunca respeitou lei nenhuma, nenhuma novidade, mas "um dia a casa cai" e caiu! Está muito perto da gente se livrar de tudo isso e não vai deixar nenhuma saudade!