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Perdas e Ganhos

O novo mapa político de Volta Redonda

Quem saiu fortalecido e quem saiu enfraquecido das eleições; o recado que a população deu nas urnas

MDS  –  10/10/2014 15:28

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(Foto Ilustrativa/Valor Real)

Resumindo: Nenhuma liderança forte no

município, nem da oposição e nem do governo

 

Sérgio Boechat

Toda eleição, seja qual for o seu resultado, altera o mapa político da região e dos municípios, indicando quem saiu mais forte ou mais fraco da eleição; quem deve sair de cena; quais as lideranças políticas novas que surgiram; quais os partidos que conseguiram sobreviver às urnas; e quais os projetos políticos que foram aprovados pelos eleitores. Em Volta Redonda, nós tivemos, em destaque, os seguintes candidatos:

# Deputado federal - Jorge de Oliveira, Zoinho (PR); Paulo Baltazar (PRB); Wanderley Alves de Oliveira, Deley (PTB); América Tereza (PMDB); Luiz Gonzaga Lula de Oliveira (PHS). 

> Zoinho - Era o único candidato à reeleição, mas não conseguiu se recuperar do desgaste sofrido no ano passado, quando foi denunciado pela mídia nacional, com reflexo na mídia local, de ter feito locação de automóveis em empresas fantasmas, com recursos da Ceap (Cota para o Exercício de Atividade Parlamentar), mesmo tendo o procurador solicitado o arquivamento do processo, nos últimos dias, porque as acusações não foram provadas e também por ter feito declarações infelizes em entrevistas dadas a jornais e programas televisivos. Teve apenas 15.965 votos em Volta Redonda, na última eleição, perdendo 22.030 votos em quatro anos, caindo de uma votação global de 44.355 votos, em 2010, para apenas 20.328 votos, em 2014. Sai tremendamente enfraquecido do processo eleitoral. Terá que rever o seu projeto e mudar a sua estratégia política. 

> Baltazar - Venceu a eleição para vereador em 2012, tendo sido o mais votado no município, mas ainda continua pagando o preço do processo de desgaste a que foi submetido em 2005, quando foi acusado de estar envolvido na "Máfia das Ambulâncias". Nada foi provado, mas é difícil evitar o comprometimento da imagem e ainda terá que caminhar um bom caminho para conseguir se livrar totalmente da pecha que foi lançada sobre ele. Em 2006, no auge do desgaste, ele foi candidato a deputado federal, tentando o terceiro mandato e teve apenas 21.265 votos e agora teve apenas 9.920 votos a mais, ou seja, 31.185 votos, sendo que em Volta Redonda não passou de 21.969 votos. Sai relativamente fortalecido do processo eleitoral, porque conseguiu somar quase 10 mil votos a mais na sua última votação para deputado federal, mas ainda terá que esperar algum tempo para um salto mais alto ou brigar por um cargo majoritário. Perder para o Deley em Volta Redonda não é fácil e significa dizer que está vivendo ainda um processo de transição e precisará aguardar algum tempo para voltar ao patamar de 2002, quando bateu 85.287 votos contra 39.392 votos, contra o próprio Deley!

> Deley - Estaria morto politicamente, se não tivesse aparecido no seu caminho o representante da "bancada da bala", o deputado federal Jair Bolsonaro, com seus quase 500 mil votos. Foi salvo pela coligação PP/PMDB/PTB/PSC/PSD, já que foi a sua pior campanha e o seu pior resultado, desde 2006, quando alcançou 72.710 votos, sendo que somente em Volta Redonda ele atingiu naquela eleição 42.307 votos. Em 2010, ele teve, somente em Volta Redonda, 32.246 votos e em todo o estado 66.532 votos e mesmo assim não se elegeu, mesmo tendo gasto, oficialmente, mais de R$ 2 milhões, porque não teve a proteção de um "Bolsonaro", mas em compensação desta vez ele não deve a eleição dele ao prefeito cassado e ficha suja, mas ao polêmico deputado que bateu todos os demais candidatos, apesar das suas posições radicais contra os homossexuais e o seu amor pela ditadura militar. Deley perdeu 17.658 votos nos últimos quatro anos, em função do seu próprio desgaste e a perda de credibilidade do governo que ele apoia. Sai mais fraco do processo eleitoral, pelos votos que perdeu, mas conseguiu mais um mandato e será um deputado federal do mesmo tamanho e com a mesma insignificância dos outros mandatos! 

> América Tereza - Cumpriu o papel que se esperava dela, tendo alcançado 18.658 votos em Volta Redonda e 22.536 votos em todo o estado. Conseguiu mais do que dobrar a sua votação na eleição de 2010, quando teve 9.817 votos, mas nunca teve chance de se eleger, mesmo com a ajuda do Bolsonaro e ela sabia disto. O que ela queria, na verdade, era manter o nome dela em evidência para as eleições de 2016, como candidata a vereadora, vice prefeita ou até mesmo como candidata a prefeita, não como protagonista, mas como coadjuvante. Sai mais fortalecida do processo eleitoral, já que melhorou muito a sua votação!

> Luiz Gonzaga Lula de Oliveira - Estava sem "ritmo de jogo", já que ficou muito tempo afastado do campo político. A sua volta foi muito importante, embora não tenha rendido tudo o que pode, o que só vai acontecer quando ele recuperar o seu "condicionamento político". É um bom quadro e não deve ser esquecido. 

# Deputado estadual - Nelson Gonçalves (PSD); Gothardo Lopes Neto (PSL); Carlos Roberto Paiva (PT); Washington Granato (PTB); Rogério Loureiro (PPS); Maurício Batista (PTN); Edson Albertassi (PMDB). 

> Nelson Gonçalves - Teve a sua pior performance das últimas eleições. Em 2006, ele teve 34.764 votos somente em Volta Redonda, alcançando 42.268 em todo o estado. Em 2010, teve 24.868 votos em Volta Redonda e chegou a 35.531 votos em todo o estado e ficou como suplente. Notem que ele perdeu em quatro anos - de 2006 a 2010 - 9.896 votos somente em Volta Redonda e 6.737 no cômputo geral. Em 2014, ele teve somente 17.536 votos no município e 23.316 votos em todo o Estado do Rio de Janeiro. Sai muito enfraquecido do processo eleitoral e com pouquíssimas chances de avançar na sua carreira política, principalmente se a oposição ganhar a eleição para prefeito em 2016! 

> Gothardo - Mais uma vez ficou pelo meio do caminho. Depois de vários mandatos seguidos como vereador e de ter ocupado a presidência da Câmara Municipal, chegou ao Palácio 17 de Julho, mas cometeu a ingenuidade de governar os quatro anos com praticamente todo o secretariado do Neto e de se filiar ao mesmo partido do prefeito cassado e ficha suja. Acabou sendo alijado das eleições de 2008, numa tremenda puxada de tapete. Em 2010, teve 17.226 votos em Volta Redonda e 24.459 votos em todo o estado. Este ano, teve 12.156 votos no município e 24.218 no cômputo geral, tendo perdido 5.070 votos na Cidade do Aço, mas mantendo praticamente a mesma votação em todo o estado. Sai enfraquecido da eleição, porque é uma votação muito pequena para quem já foi prefeito do município e não foi alvo de acusações que pudessem comprometer a sua votação. Vai ser muito difícil construir um projeto mais ousado ou aspirar, mais uma vez, a um cargo majoritário! 

> Paiva - É muito ruim de voto. Mesmo com toda a máquina do governo; com o apoio da Inês Pandeló; e com o apoio da Igreja, ele só teve 12.656 votos em Volta Redonda, fechando no estado com 19.752 votos, sendo menos votado do que o Nelson, o Gothardo e o Albertassi. É a terceira vez que ele se candidata a deputado estadual e nunca passou de 23.291 votos, o que aconteceu em 2010. Está na hora de repensar o seu projeto político e fincar o pé na Câmara Municipal, que é o máximo que ele pode aspirar, se não ficar inelegível por oito anos, no julgamento do recurso no TSE. Sai extremamente enfraquecido das eleições de 2014, devendo procurar outros caminhos! 

> Granato - Está sempre mal acompanhado nas eleições que disputa! Em 2010 fez dobradinha com o Jorge Picciani e agora com o líder do PMDB, Eduardo Cunha. Ele gosta do jogo político, mas joga muito mal! Em 2010, teve 9.873 votos em Volta Redonda e 13.261 votos no estado. Nas eleições deste ano, ele teve 16.464 votos no município e 19.528 votos, no cômputo geral. Ele conseguiu aumentar a sua votação na Cidade do Aço em 6.591 votos, chegando a 15.454 votos e no estado conseguiu mais 6.267 votos, alcançando 19.528 votos. Como houve uma evolução na sua votação, sai fortalecido do processo eleitoral, mas sem cacife para aspirar, com sucesso, a uma candidatura majoritária em 2016. 

> Rogério Loureiro - Não conseguiu sensibilizar a população de Volta Redonda com as suas propostas. A votação dele ficou muito aquém do que se esperava. Ele teve apenas 6.062 votos em Volta Redonda, chegando a 10.468 votos no Estado do Rio de Janeiro. Comparando-se a votação dele com outros políticos mais rodados e levando-se em conta que é a primeira vez que ele se submete ao julgamento popular, este resultado não deve inibir a sua participação em outros pleitos, porque a primeira vez é sempre um aprendizado, mas deve ter ambições bem menores, talvez começando em 2016 pela Câmara Municipal, para que possa aprender as regras do jogo e depois sonhar com voos mais audaciosos, sem correr o risco de nova decepção! Sai enfraquecido deste pleito, mas tem potencial para continuar investindo em um projeto político. 

> Maurício Batista - Na sua segunda tentativa de chegar à Assembleia Legislativa, obteve 5.958 votos em Volta Redonda e 6.968 votos em todo o Estado do Rio de Janeiro. Em 2010, ele tinha conseguido 9.022 votos no município e 10.773 votos no cômputo total, o que significa que ele perdeu 3.064 votos em Volta Redonda e 3.805 votos no total, nos últimos quatro anos. Sai enfraquecido do processo eleitoral, embora não tivesse nenhuma expectativa de vitória e conseguiu, pelo menos, manter o seu nome em evidência para a eleição de 2016, quando deve tentar renovar o seu mandato na Câmara Municipal. 

> Edson Albertassi - Em relação às eleições de 2010, perdeu, em 2014, 21.705 votos, embora tenha conseguido aumentar a sua votação em Volta Redonda, de 22.945 votos para 24.545 votos, o que não representa nenhum aumento de percentual, já que houve também aumento no número de eleitores. Continua sendo mal votado em Volta Redonda e vai ser muito difícil conseguir realizar o sonho dele, que é chegar ao Palácio 17 de Julho. A queda de votação se deve ao fato de não ocupar mais a presidência da Comissão de Orçamento da Assembleia Legislativa, o que permitia a sua aproximação dos prefeitos e o apoio nas campanhas eleitorais. Sai enfraquecido do processo eleitoral, porque ninguém perde tanto voto de uma eleição para outra impunemente! 

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O povo é soberano e sempre vai dar a última palavra
 

Não votaram no Paiva, não votaram no Gothardo, não votaram na América Tereza, não votaram no Nelson e não votaram no Granato, porque eles não foram eleitos. Reduziram, sensivelmente, a votação no Deley e no Albertassi, embora eles tenham sido eleitos, mas com muito menos votos do que tiveram em 2010, sendo que os dois foram ajudados pela votação excelente do representante da "bancada da bala"! O prefeito cassado e ficha suja não deu nenhum "baile na oposição", pelo contrário, só foram eleitos dois candidatos cúmplices dele, com votações muito menores do que já tiveram em outras eleições, o que só reafirma o desgaste e a falta de credibilidade do governo. Se o povo resolveu não votar em outros candidatos que eu achava que deveria votar, o povo é soberano e sempre vai dar a última palavra. 

O novo mapa político de Volta Redonda não aponta nenhuma liderança forte no município, nem da oposição e nem do governo, o que significa dizer que teremos gente nova no pedaço, com candidaturas que podem surpreender e devolver ao município a força que perdeu nestes últimos 18 anos. O prefeito cassado e ficha suja foi o grande perdedor desta eleição, porque nenhum dos eleitos o foi por causa dele, mas a despeito dele, passando o mérito para o deputado federal Jair Bolsonaro e para a coligação salvadora, que conseguiu tirar o Deley do buraco! O grande acerto de contas será em 2016, com a chegada da oposição no dia 1º de janeiro de 2017 ao Palácio 17 de Julho, lavando as escadarias e fazendo a tão esperada faxina moral! Até lá!

> Leia mais em "Política Sem Meias Verdades"

Por Redação do OLHO VIVO  –  contato@olhovivoca.com.br

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