(Foto: Divulgação/Mizu)

Desde o uso de locações regionais até a direção de fotografia e a edição, o projeto coloca em evidência o potencial local

 

A cena musical do Sul Fluminense acaba de ganhar um novo videoclipe de trap. “Real C” foi produzido pela T8Films, em parceria com o artista local RL Cpx e o StudioStilloMusic. O projeto, realizado com orçamento limitado, traz à tona os desafios da produção musical e audiovisual no interior do Rio de Janeiro. Desde o uso de locações regionais até a direção de fotografia e a edição, o projeto também coloca em evidência o potencial local. O clipe já bateu a casa dos 10k de visualizações.
Participam do videoclipe: Sander, D10, Nijay Iguin, 4lvess, Dapob, Skrdias. Equipe técnica: Maycon Lendel (diretor de fotografia), Gabriel Sam (produtor), Mizu (coordenador de produção e still), 328 Records (co-produção).

Confira a entrevista com Thiago Garcia, diretor do clipe

Quais os desafios e as dificuldades enfrentadas para viabilizar o clipe?

A produção de videoclipes no Sul Fluminense, especialmente com baixos orçamentos, apresenta desafios consideráveis. No entanto, a T8Films conseguiu contornar essas limitações, por meio de parcerias estratégicas. A T8Films, StudioStilloMusic e os artistas locais têm apostado na valorização da cultura regional. O videoclipe é um reflexo do trabalho coletivo, com o envolvimento de produtores, diretores e músicos locais. Produzir arte no interior ainda é um grande desafio. A infraestrutura e o apoio para a cultura são limitados, o que exige muita criatividade e esforço das equipes.

Como diretor do clipe, você optou por um formato mais cru e realista, priorizando a autenticidade e o dia a dia do artista. Qual foi o maior desafio ao trazer essa proposta para a produção, e como você acredita que essa escolha impacta a conexão do público com o artista e a narrativa?

O clipe busca resgatar a essência do rap, trazendo o artista para o centro da narrativa. Ao invés de investir em transições elaboradas, optamos por um formato mais cru e realista, mostrando o dia a dia do rapper de forma autêntica. As cenas da feirinha, dos rolês com amigos, do estúdio e das lojas locais são elementos que compõem a nossa realidade e que muitas vezes ficam de fora dos clipes. A ideia é que o público se identifique com essas situações e se conecte de forma mais profunda com a música e com o artista.

Você mencionou que o foco do clipe foi resgatar a mensagem por trás da jornada criativa do artista, evitando a superficialidade de efeitos visuais exagerados. De que forma você acredita que essa escolha afeta a percepção do público sobre o artista e o conteúdo musical, especialmente em um cenário onde os clipes cada vez mais dependem de elementos visuais chamativos?

Acreditamos que muitos clipes contemporâneos se perdem em efeitos visuais e transições complexas, esquecendo que a verdadeira arte está na mensagem. No clipe, a intenção é colocar em evidência a jornada criativa do rapper, desde a inspiração nos locais do dia a dia até a concretização da música em estúdio. Ao focar no artista e na sua arte, buscamos oferecer uma experiência mais genuína e significativa para o público, que vai além da estética.

A escolha de retratar o dia a dia do artista reflete melhor a identidade cultural da região e a realidade dos músicos emergentes locais?

O clipe é uma ode à simplicidade e à autenticidade. Ao invés de criar um mundo fantasioso, decidimos retratar o dia a dia do rapper de forma realista, mostrando que a inspiração pode surgir nos lugares mais inesperados. As cenas da feirinha, dos rolês com amigos e do estúdio são elementos que compõem a nossa identidade e que, juntos, dão forma à nossa música. Acreditamos que essa abordagem permite que o público se conecte de forma mais profunda com a arte e com o artista, valorizando a mensagem acima de tudo."

Qual a expectativa com o lançamento do clipe?

A expectativa é que essa produção abra portas para mais projetos locais e que a cultura do interior do Rio de Janeiro ganhe ainda mais espaço no cenário nacional, com talentos em ascensão que estão dispostos a romper barreiras e colocar a região no radar da música e do audiovisual.

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