Acordei com uma musica da Rita Lee na cabeça, isso me levou a outras canções dela e aí uma coisa leva a outra - diversas músicas boas que fizeram de mim uma pessoa mais feliz foram sendo lembradas e isso gerou esta pequena, porém, excelente listinha de nacionais. Espero que você também se sinta feliz quando ouvir essas sugestões. Vale deixar bem claro que minha lista de imperdíveis nacionais não acaba aqui. A ideia inicial era escolher um disco que fosse o melhor de um artista ou grupo, um álbum que melhor representasse o trabalho como um todo, mas em certos casos isso se torna tarefa impossível, e nesta segunda parte da minha lista, que não para de crescer e mudar a cada dia, algumas coisas estão diferentes da primeira, e provavelmente outras mudanças acontecerão daqui pra frente - ainda bem, porque nada é mais chato do que a padronização.
Rita Lee, mas todo mundo conhece a Rita Lee! É verdade! Mas a Rita Lee gravou nos anos 70 os melhores álbuns de sua carreira e não podia estar de fora de minha listinha, seja óbvio ou não.
1. Atrás do porto tem uma cidade (1974) - Destaques: "De pés no chão", "Yo no creo pero", "Tratos a bola", "Menino bonito", "Pé de meia", "Mamãe natureza", "Ando jururu", "Eclipse do cometa", "Círculo vicioso" e "...Tem uma cidade".
2. Fruto proibido (1975) - Destaques: "Dançar pra não dançar", "Agora só falta você", "Cartão postal", "Fruto proibido", "Pirataria" e "Luz Del Fuego".
3. Entradas e bandeiras (1976) - Destaques: "Corista de rock", "Lady Babel", "Coisas da vida", "Bruxa amarela", "Departamento de criação", "Com a boca no mundo", "Posso contar comigo" e "Superstafa".
São os melhores álbuns da cantora. Rita deixa em definitivo sua marca na história do rock com esses clássicos. Depois, com Roberto de Carvalho, gravou muitas coisas boas também, mas pra mim esses são os melhores.
Os álbuns estão repletos de músicas excelentes com letras ácidas e memoráveis. Se você gosta de Rita Lee e nunca ouviu "De pés no chão", "Yo no creo pero", "Ando jururu", "Luz Del Fuego" ou "Bruxa amarela", por exemplo, tem que ouvir esses discos agora!
Vale lembrar que por um período de seis anos Rita Lee foi, com Arnaldo Baptista e Sérgio Dias, integrante dos Mutantes (maior ícone de todos os tempos em termo de banda de rock nacional), cantando, tocando flauta, percussão, sintetizador, banjo e uma bomba de dedetização (em "Le Premier Bonheur du Jour"), entre outras maluquices. Com a amiga Lúcia Turnbull, formou As Cilibrinas do Éden, uma dupla no estilo folk rock. Rita e Lúcia desistiram da dupla e formaram a banda Tutti Frutti,com Luis Sérgio Carlini e Lee Marcucci, entre outros.
Os Mutantes, falar de Rita Lee e não mencionar os Mutantes é imperdoável. O grupo é o pioneiro em mesclar o rock and roll feito lá fora com ingredientes nacionais, tudo com grandes doses de experimentalismo. A primeira e mais criativa fase do grupo foi entre 1966 e 1972 com a sua formação original - Arnaldo Baptista (baixo, teclado, vocais), Rita Lee (vocais) e Sérgio Dias (guitarra, baixo, vocal). Também participaram do grupo Liminha (baixista) (1969-1974) e Dinho Leme (bateria) (1969-1973; 2006).
Nessa primeira fase, a banda transbordava criatividade, usando recursos inusitados para seus efeitos sonoros. A irreverência era outra característica dos Mutantes, com roupas coloridas e ultramega extravagantes - Rita Lee com seu vestido de noiva, por exemplo.
Extravagância, irreverência, criatividade e talento, aliados ao carisma dos integrantes, fizeram dos mutantes o grande ícone do rock nacional de todos os tempos. Sugerir ou indicar apenas um disco desta incrível banda é impossível, quase um sacrilégio. Os meus preferidos são:
4. Os Mutantes (1968) - Destaques: "Panis et circenses", "A minha menina", "Baby", "Senhor F", "Bat macumba", "Le Premier Bonheur du Jour", "Trem fantasma", "Tempo no tempo" e "Ave Gengis Khan".
5. Mutantes (1969) - Destaques: "Dom Quixote", "Não Vá se Perder por Aí", "Dia 36", "2001", "Algo Mais", "Fuga nº 2 dos Mutantes", "Rita Lee", "Qualquer Bobagem" e "Caminhante Noturno".
6. A divina comédia ou ando meio desligado (1970) - Destaques: "Ando meio desligado", "Ave, Lúcifer", "Desculpe, babe", "Preciso urgentemente encontrar um amigo", "Meu refrigerador não funciona" e "Quem tem medo de brincar de amor".
7. Jardim elétrico (1971) - Destaques: "Top top", "El justiciero", "Its very nice pra xuxu", "Portugal de navio", "Jardim elétrico" e "Tecnicolor".
8. Mutantes e seus cometas no país do Baurets (1972) - Destaques: "Mutantes e seus cometas no país do Baurets", "Balada do louco", "Vida de cachorro", "Dune buggy", "Rua Augusta", "Beijo exagerado", "Todo mundo pastou", "Cantor de mambo" e "Posso perder minha mulher, minha mãe, desde que eu tenha o rock and roll".
9. Tudo foi feito pelo sol (1974) - É o sexto álbum do grupo, contando com apenas Sérgio Dias da formação original, e com uma veia mais progressiva, musicalmente mais elaborado do que os anteriores. Destaques: "Pitágoras", "Desanuviar", "Cidadão da Terra", "O contrário de nada é nada" e "Tudo foi feito pelo sol".
Verdadeiros Clássicos! Ouça tudo que puder dos Mutantes, hoje e sempre!
10. Acabou chorare (1972) - O grupo de Moraes Moreira (vocal e violão), Baby Consuelo (vocal), Pepeu Gomes (guitarra), Paulinho Boca de Cantor (vocal), Dadi (baixo) e Luiz Galvão fez uma verdadeira revolução musical, juntando rock e samba, misturando guitarra elétrica, baixo e bateria com cavaquinho, chocalho, pandeiro e agogô. O resultado é o delicioso e clássico "Acabou chorare", que é o segundo álbum do grupo lançado em 1972. A bolacha virou mania nacional.
Um disco repleto de clássicos. Destaque para: "Brasil pandeiro", "Preta pretinha", "Tinindo trincando", "Swing de Campo Grande", "Acabou chorare", "Mistério do planeta", "A menina dança" e "Besta é tu".
Em 2007, na eleição feita pela revista "Rolling Stone" com a lista dos 100 maiores discos da música brasileira "Acabou chorare" aparece em primeiro lugar, sendo considerado uma obra-prima pelos estudiosos, produtores e jornalistas convocados para a votação.
11. Eu quero é botar meu bloco na rua... (1973) - Sergio Sampaio foi uma das figuras mais estranhas do pop rock nacional, marginalizado e considerado maldito. O cara fez muitas coisas legais, misturando samba com rock e blues. Adoro o álbum "Eu quero é botar meu bloco na rua..." (1973). Nele, Sérgio consegue realizar sua obra master, um clássico repleto de pérolas. Minhas preferidas são: "Cala a boca, Zebedeu", "Leros & leros & boleros", "Labiritos negros", "Eu quero é botar meu bloco na rua", "Odete", "Filme de terror" e "Viagem de trem".
Procure ouvir também a música "Meu pobre blues”, gravada pelo próprio Sergio e regravada por Zizi Possi.
12. Délica (1985) - É o ano de lançamento do surpreendente disco solo de Dulce Quental (ex Sempre Livre). O disco tem dez faixas, todas excelentes, com ótimas letras e participações especiais, e traz melodias deliciosas, daquelas que a gente canta junto assim que ouve a segunda vez.
"Délica" tem músicas da própria Dulce, como é o caso de "Delicado demais" e "Bossa do Bayard". Têm também parcerias com Flávio Murrah em "Garganta"; Beti e Claudia Niemeyer em "Délica"; "A bela morte" tem letra de Dulce e música de Beti Niemeyer. Além disso, o disco tem composições de Branco Mello (Titãs), Aldo Meolla e Rômulo Portela.
Com participações de músicos pra lá de consagrados, como, por exemplo, Nico Resende, Celso Fonseca, Repolho, Rui Motta, João Donato, Cazuza, Guto Barros, Os Ronaldos e Marcio Montarroyos, entre outras feras, este é um disco muito bom, que vale a pena ouvir!