(Foto Ilustrativa)
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O fortalecimento que a música provoca nas pessoas de mais idade faz delas pessoas mais resistentes
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Anciãos são presbíteros, aqueles respeitados por seu conhecimento profundo da vida através da experiência. Já ouviram quase tudo, já questionaram quase tudo, e agora querem o descanso, justo e merecido. O caráter nostálgico das músicas que ouvem os fazem rejuvenescer e driblar o estado atual de suas idades. Existem pessoas mais velhas que ouvem canções atuais e endereçadas aos jovens, contudo, não podemos afirmar, senão através de uma análise psicológica do porquê dessa atitude. Contudo, é apenas uma exceção e não a regra para camuflar os anos de vida. Rejuvenescer é um desejo de parte dos homens mais idosos, porém, não uma regra, e nem todos procuram esse subterfúgio. A música, no entanto, possui um efeito nostálgico de nos reportar ao passado.
Quando presenciamos alguém com mais idade ouvindo uma valsa antiga, esse alguém está se remoçando e tendo as experiências que teve no passado. É como talvez, não uma regra, alguém se estivesse dizendo: “Olhem como estou jovem”. Quando olhamos um retrato quando éramos criança, nos remoçamos imediatamente, porque a nostalgia tem esse poder momentâneo de nos transfigurar. Esses momentos em que a música antiga nos remete criam uma força interna querendo dizer: “Olha como você era forte e jovem, lute pela sua vida, você ainda tem força vital, a juventude está no ‘ser’ e não no corpo”.
O fortalecimento que a música provoca nas pessoas de mais idade faz delas pessoas mais resistentes. Os clubes da terceira idade contribuem em muito para a felicidade e saúde física dos homens. Estar atrelado ao passado cria uma atmosfera do conhecido e do que foi bom antes. Todas as sinapses, e conexões neurais que provocam prazer, estão armazenados no córtex, e foram filtrados pelo sistema límbico no passado. Se foi bom para aquela pessoa, certamente estará bem guardado para qualquer acesso futuro.
É por isso que ao ouvir alguma canção antiga que há muito tempo não escutamos nos lembramos com detalhes e até a cantamos de cor, apesar de longo tempo sem ouvi-la. Isso não acontece com o conhecimento histórico ou matemático, por exemplo. Não conseguimos nos lembrar de como se resolvem equações de primeiro ou segundo grau, nem funções, nem análises combinatórias, apesar de tê-las estudado exaustivamente. Não lembramos do período regencial, nem das conquistas napoleônicas, porém aquela música em que nos apaixonamos, com aquela presença inesquecível em que amamos, estará guardada como um tesouro em que podemos acessá-lo a qualquer momento. Eis o poder da música, que tem o poder de ser armazenado para sempre. Esse seria o conceito de “permanência”, que faz com nos utilizemos dele como “antídoto” para algumas tristezas da alma.
A música para os de idade mais avançada estará preservada e edificada sobre a nostalgia na arte. Essa os protegerá da ideia de que tudo caminha para frente, todavia, caminha para trás se boas lembranças musicais forem acessadas.