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Os gregos antigos nos ensinam através da música em contexto com o Ethos que não se distanciar muito das origens musicais construirá um povo mais nacionalista e mais unido
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Qualidade é uma palavra mágica que nos transporta a um trono da perfeição, da nobreza e uma posição de status que muitos buscam. Assistir a uma apresentação de uma ópera wagneriana concederá um título provavelmente de elegância a quem ouve. Porém, até Nietzsche, por essa causa, desconfiou de seu amigo íntimo e o desmereceu em seu livro “O caso Wagner”.
Sempre teremos motivos pessoais para desmerecer ou firmar pontos de vista individuais quanto à expressão filosófica e às obras musicais. Há quem diga que Vivaldi é repetitivo. Villa-Lobos sofreu muita resistência na França antes que seus defensores e amigos pudessem impulsionar sua obra preterida aqui também no Brasil. Arthur Rubinstein o ajudou muito na divulgação de sua obra chancelando sua aprovação como “obra de qualidade”. Autores brasileiros da MPB também foram ajudados pelas mídias a se tornarem compositores de alta estima para os intelectuais que dentre eles alguns não são experts na área musical.
Qualidade para uma cultura não necessariamente exija qualidade como a entendemos. O conceito ou acepção de qualidade se torna nulo ou fraco quando usamos o conceito de Ethos musical na antiga Grécia. As cidades gregas tinham seu próprio entendimento do que era bom para ser ouvido. As escalas musicais ou os “modos” eram usados um para cada região ou por uma nação ou uma etnia. Existia no pensamento musical grego uma “resignação” quanto à fome exagerada do cardápio cosmopolita. Não era usual ouvir música de uma outra fonte, outra cidade estado, que não fosse de sua etnia. Isso preservava em muito suas escalas modais e sua música, considerando cada povo distintamente.
Hoje no mundo globalizado observamos brasileiros odiando música brasileira e se curvando ao rock inglês. Japoneses talvez idolatrando o choro brasileiro no Japão. Nesses casos o antigo povo grego se estupefaria em ver tamanha incongruência sem entender o porquê desse afastamento da cultura de origem de um povo ou nação. Isolar-se, portanto, em demasiado, aos olhos de hoje, não é costume. Entretanto, os gregos antigos nos ensinam através da música em contexto com o Ethos que não se distanciar muito das origens musicais construirá um povo mais nacionalista e mais unido. Deveríamos, entretanto, evitar o Chauvinismo (o nacionalismo exagerado), que afastou muitos povos do mundo e provocou discórdias que a história comprova.