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Ciclos

Romântico, clássico, a roda gira

Duro não é mudar de lado, do clássico para o romântico ou vice-versa, contudo, aprender a girar

Música  –  06/12/2018 19:39

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(Foto Ilustrativa)

Os estilos, inversamente, possuem um eixo girante que os fazem retornar sempre aos estilos anteriores; esses não retornam iguais, todavia, modificados nos seus detalhes, ornamentos 

 

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Existe uma tese que afirma que os estilos são cíclicos. O romântico e o clássico se alternam. Todas as artes, principalmente a música, passaram por esse processo histórico inevitável. Falar de música e seus estilos é necessária uma abordagem, um olhar teórico de como os estilos se alternaram. Sem essa visão, o contemplador da música não poderá enxergar (ouvir) essa forma de arte como uma roda, mas ouvirá como em numa linearidade histórica que vai de “A” à “Z”. Essa linearidade confirma erroneamente que os estilos artísticos, como a arte, possuem uma evolução constante e que não voltam às origens de um pensamento passado. Nos enganamos quando aceitamos essa linearidade. 

Os estilos, inversamente, possuem um eixo girante que os fazem retornar sempre aos estilos anteriores. Esses não retornam iguais, todavia, modificados nos seus detalhes, ornamentos. As aspirações e inspirações, no entanto, a partir desse movimento circular obedecerão aos cânones da dualidade “clássica-romântica”.

Consideramos a renascença dos séculos XIV e XV como clássica, porque faz retornar o pensamento e o estilo dos gregos e dos romanos, talvez deveríamos considerá-lo como um neoclássico, (novo clássico), porque o antigo clássico, o estilo anterior, foi o estilo primeiro que aconteceu e surgiu entre esses povos da antiguidade. Nessa ordem histórica, veio o barroco, depois o estilo clássico propriamente dito como o conhecemos entre os séculos XVIII e XIX. Em seguida vem o período romântico e assim sucessivamente, alternando a emoção da arte que esses estilos representam, a “razão” versus emoção. Aí estão representados o clássico e o romântico, respectivamente, como uma roda que gira.

Espelho da vida humana

A filosofia acompanhou toda essa alternância cíclica, como também a arte, filha dessa forma de pensar filosoficamente, que é o campo da estética, uma parte da filosofia. Talvez, esse seja o espelho da vida humana, onde em seu “Cronos”, há momentos de emoção e em seu ápice, já desgasta, pede socorro à razão. Por sua vez, com a razão com o cabresto na mão, reinando em sua época, a vida da arte torna a ficar pálida, congelada, no refrigério de sua serenidade, razoabilidade, quando o homem da arte, por sua vez, se enjoa, explodindo em um delírio emocional para se desequilibrar, num ato de loucura, suas paixões contundentes, explosivas, desaguando novamente seus anseios num próximo estilo, o romântico.

Talvez, seja essa a Roda da vida, da mandala humana, do eixo girante, da cabeça tonta, atordoada, da brincadeira de roda, do sol, da terra que também gira em volta de nossa estrela. Tudo se torna esférico quando voltamos atrás. Sempre estamos voltando atrás pelo arrependimento ou pela confissão da ignorância. O problema ético aqui influencia a arte. Quando pensamos saber, precisamos novamente aprender.

Esse quebrante magoa os homens que se frustram, engolem saliva e se aborrecem do erro constante. A roda girou mais uma vez, o conhecimento que hora estava em cima, está embaixo de joelhos sustentando a parte de cima. A ciência, um outro lado da vida humana, convive com esses pesadelos e giros tonteantes. Ora diz alguma coisa, ora desmente. Estamos, ora embaixo, ora em cima, em cima, embaixo. Quantas fortunas se perderam e reis foram derrotados quando seu maior triunfo foi exibido. Átila, o huno, aquele que despojou o império romano viu seu fim cedo demais para aproveitá-lo. A morte assombra os fortes e os estilos da arte. A vida e a morte são as partes da roda da vida, porém, essa, só faz um giro, o primeiro, o do nascimento e na sua segunda metade, a morte, uma roda para um giro, vida romântica, morte clássica. 

A manteiga do penar

Pela ótica da ética, os humanos são perfeitamente românticos. Há os que se posam de durões como clássicos, mas a vida lhes ensinará a manteiga do penar, os ensinará a dor; o ódio que vem de sua força autoritária deslumbrará uma contraditoriedade. Em um mínimo tropeçar da sua roda, estará de cabeça para baixo, outros clássicos cheios de razão o farão pensar melhor em sua autoridade. Se tornará romântico por algum tempo, logo sua roda girará como a da fortuna, onde a sorte de seus encontros humanos o fará inconstante. A ética, a moral estará sempre aliada à estética, que espelha esses convívios humanos. As tragédias gregas dos pré-socráticos são o espelho fiel dessa verdade.

O aspecto fatal, final, é que nada mudará, a vida humana continuará a rodar como essa roda, a roda viva. Duro não é mudar de lado, do clássico para o romântico ou vice-versa, contudo, Aprender a Girar. Girando vagamos, viajamos, sempre para a frente se possível. A Ré desmagnetizará possíveis desentendimentos, será preciso usá-la. Finalmente, o dia vai passar, os anos passarão e a história da sua roda ficará incrustrada no seu Panteão, onde estarão nos pedestais os seus feitos e quem se espelhar em você o adorará como um homem real e não como um deus que deixou sua história; será o seu aprendizado para as gerações que te conhecerão.

Seu legado é importante como a roda foi importante para humanidade. Não sejamos apagados, escuros, sejamos luz de uma candeia, ou mais modernamente uma luz de led, ou nosso próprio sol, que fulgura esplêndido para o outro que o reconhecerá. Sua história é importante para o mundo, mesmo que seja um grão de areia onde serão escritos poemas, como o de Anchieta, que foram tirados, apagados de suas praias pela água salgada do mar.

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Por Ricardo Yabrudi  –  yabrudisom@hotmail.com

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