(Fotos: Divulgação)
Através de imagens de arquivo, é possível trafegar por uma linha do tempo imagética que ilustra a luta de classe contra os resquícios da Ditadura Militar-Empresarial
Manter e preservar a história e a memória das cidades perpassa também pela estética visual. Pensando nisso, o Clube Foto Filatélico de Volta Redonda apresenta a exposição fotográfica “A Greve de 1988 e o Monumento IX de Novembro”, que pode ser visitada na sede da instituição, na Vila Santa Cecília.
Em novembro de 1988, uma grande mobilização envolveu moradores e trabalhadores de Volta Redonda, o episódio conhecido como A Greve de 1988 foi desencadeado por operários da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Naquele período, a CSN era uma empresa estatal e os funcionários exigiam reajuste salarial com base no índice de inflação.
Durante pouco mais de duas semanas, os operários reivindicaram melhorias nas condições de trabalho e fizeram da entrada principal da Usina Presidente Vargas palco para formar uma grande mobilização popular e grevista, que contou com o apoio de 10 mil pessoas contra as forças de segurança do então governo José Sarney.
No dia 9 de novembro, homens do Exército Brasileiro e das Polícias Civil e Militar começaram a dispersar a população no Centro da Cidade do Aço, mais especificamente na Vila Santa Cecília, invadindo as dependências da empresa, procurando estabelecer a ordem.
Durante a ação militar, três operários foram mortos pelas forças de segurança do governo: Carlos Augusto Barroso (19 anos), Walmir Freitas Monteiro (27) e William Fernandes Leite (22). Os operários viraram símbolo da luta sindical e trabalhista.
Monumento e atentado
Em homenagem aos operários mortos no episódio, o arquiteto Oscar Niemeyer projetou em frente à CSN um monumento com os dizeres “A Wladimir, Valmir e Barroso, nossos companheiros assassinados na greve de novembro de 1988”. No dia seguinte em que foi instalado, o monumento sofreu um atentado a bomba, sendo reformado alguns dias após o atentado, deixando parte dele destruído para lembrar o ocorrido na Cidade do Aço.
Preservação da memória
A exposição “A Greve de 1988 e o Monumento IX de Novembro” reconta a história da luta operária no coração da Cidade do Aço. Através de imagens de arquivo, é possível trafegar por uma linha do tempo imagética que ilustra a luta de classe contra os resquícios da Ditadura Militar-Empresarial.
A exposição mantém viva a memória histórica do “Massacre de Volta Redonda”. Episódio importante da conjuntura política do país. Quem passar pelo Centro da cidade pode observar que no monumento instalado à época está gravado a seguinte frase “Nada, nem a bomba que destruíram este monumento poderá conter os que lutaram pela justiça e pela liberdade”.
O Clube Foto Filatélico de Volta Redonda é uma instituição sem fins lucrativos, inaugurado em março de 1954, quatro meses antes da emancipação da própria cidade. Hoje, com 67 anos de história, já é conhecido e íntimo de todos da cidade, chamado apenas de “Clube Foto”, acumula as funções de associação cultural, ponto de cultura e, mais recentemente, de cineclube.