(Foto: Divulgação)
_______________________________________________________
“Reduzir a desigualdade e dar condições de renda às pessoas é construir a paz”
_______________________________________________________
Agemir Bavaresco é o 128º convidado na série de entrevistas “Opinando e Transformando”. Objetivo é formar um mosaico com o que cada um pensa desse universo multifacetado. Uma oportunidade para os internautas conhecerem um pouco mais sobre os profissionais que, de alguma forma, vivem para a arte/cultura.
> Nome: Agemir Bavaresco
> Breve biografia: Doutor em Filosofia pela Universidade Paris I (Pantheon-Sorbonne, 1997). Graduação em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2010). Bacharelado em Direito pela Universidade Católica de Pelotas (2007). Pesquisa e intercâmbio interinstitucional. Desenvolvimento de redes de pesquisa interdisciplinar e de cooperação e intercâmbio internacional. É é professor do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Pesquisa a partir de um viés interdisciplinar nas áreas de Filosofia Moderna, Filosofia Social e Filosofia Política Brasileira. Dedica-se à atualização do tema Contradições da Democracia e Opinião Pública.
Confira a entrevista com Agemir Bavaresco
> Em sua opinião, o que é cultura de paz?
A paz é uma experiência de estado de bem-estar e harmonia, ou seja, de estar interligado em plenitude. Isso é apenas uma ideia, pois o que experimentamos de fato todo o dia são relações de mal-estar, desarmonia e desconexão, isto é, de incompletude. Então, a realidade é vivida nessa tensão entre a busca ideal de paz e o real contraditório de inquietação. Diante dessa experiência socioambiental contraditória, como é possível construir relações de paz? Trata-se de assumir essa condição humana e estabelecer mediações para avançar na reconciliação cotidiana em todos os níveis: cultural, econômico, social, etc.
> Como podemos difundir de forma coerente a paz neste vasto campo de transformação mental, intelectual e filosófica?
Não há uma receita de bolo pronta para construir a paz, mas é necessário encontrar mediações em nível local, nacional e internacional. Vivemos grandes desafios e o maior é a sustentabilidade do planeta. Veja, os povos estão reunidos na COP27 para estabelecer políticas a fim de garantir a sobrevivência da humanidade e do planeta. O que é isso? É construir uma nova economia para manter o planeta vivo. Essa é a transformação que precisa ser realizada: construir relações estruturantes de paz com a Terra. Esse mês de novembro de 2022 seremos 8 bilhões de seres humanos vivendo nesse planeta. São milhões de pessoas que passam fome e vivem em condições subumanas. Não é por falta de comida, mas pela desigualdade entre norte-sul, entre ricos e pobres. Reduzir a desigualdade e dar condições de renda às pessoas é construir a paz.
> Como você descreve a cultura de paz e sua influência ao longo da formação da sociedade brasileira/humanidade?
A história do Brasil mostra que temos heranças malditas que continuam presentes como uma chaga viva em nosso país: escravidão, desigualdade de renda, exclusão social. A formação da sociedade brasileira é uma história de exclusão em que as elites continuam no topo da pirâmide econômica e na base da pirâmide social estão os pobres que se manifestam no rosto dos índios, negros, mulheres. Uma cultura de paz implica mudar essa realidade e distribuir e garantir renda, incluindo o povo na mesa do Brasil.
> A cultura e a educação libertam ou aprisionam os indivíduos?
Este ano comemoramos 200 anos de (in)dependência do Brasil. No Grito dos Excluídos, no dia 7 de setembro de 2022, o cartaz pergunta: “Brasil: 200 anos de (in)dependência. Para quem?” A cultura e a educação libertam quando são críticas e questionam a realidade em que vivemos.
> Comente sobre o espaço digital, destacando sua importância na difusão do despertar da humanidade.
As redes sociais são a expressão da contradição da opinião pública, isto é, mostram a contradição entre a mentira e a verdade. As redes sociais expressam, ao mesmo tempo, as fake news e as good news. Como encontrar a verdade nas redes sociais? Quais as mediações para superar as fake news? A construção de narrativas coerentes com a paz estabelece mediações em nível ético pessoal, social e institucional.
> Qual mensagem você deixa para a humanidade?
O Brasil acaba de nascer de novo nas eleições de 2022. As eleições foram uma experiência de avançar como povo soberano e democrático. Essa experiência inspira a humanidade em construir a esperança para superar o ódio pela paz, a teocracia pela democracia, as armas pela cultura, os inimigos pela amizade social. Vamos viver juntos com esperança.
> Clique e confira todas as entrevistas da série sobre Cultura "Opinando e Transformando"