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Desbravando o Sul do Brasil

Serra Gaúcha, seus artistas sem público e aplausos

Coluna Visão Crítica encontra pessoas que fazem acontecer no terceiro destino mais desejado do país

Pelo Brasil  –  14/12/2015 10:55

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(Fotos: André Aquino)

Atração turística: Gramado é um das cidades que mais atraem turismo na Serra Gaúcha 

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Três milhões de turistas por ano. Ar puro, beleza arquitetônica, roteiro gastronômico. Festas e festivais tradicionais e as famosas hortênsias. Influência italiana e alemã, beleza humana e simpatia do seu povo. Isso é o que Serra Gaúcha oferece aos visitantes. Porém, atrás disso existem pessoas, muitos delas artistas escondidos na própria rotina e na batalha do dia a dia. Ninguém aplaude, ninguém vê. A “Visão Crítica”, que permaneceu na região por uma semana, foi atrás desses anônimos que ajudam a Serra Gaúcha ser o terceiro destino mais desejado do país.

Fábrica de sonho, artistas do chocolate

2> Arte em forma de chocolate 

Quando se pensa em levar uma lembrança da Serra Gaúcha, o primeiro pensamento é o chocolate artesanal. São verdadeiras obras de artes. Uma dessas artesãs é Denise Bairros, 37 anos. Em sua modéstia, ela se autodenomina apenas como empresária. Ela, dona de uma fábrica na cidade de Canela, comanda há quatro anos uma equipe de 60 artistas do chocolate.

- A fábrica é artesanal com linha de produção. Estranho? Não. Todo processo é feito manualmente. Porém, como a demanda é alta, tivemos que contratar mais funcionários - explica Denise, que vendeu no ano passado mais de 400 toneladas de chocolate.

Todo cacau da fábrica vem de uma fazenda em Itararé, no interior da Bahia, de propriedade da marca.

Quem entra na loja da fábrica de Denise logo se depara com um coelho de chocolate de três metros de altura com quase três toneladas. Foram necessários oito artesãos e um escultor para realizar a obra que durou 23 dias para ficar pronta e está de pé há um ano e quatro meses.

- Temos que mantê-la numa temperatura de 18 graus para preservá-la - conta.

Quem quiser adquirir a estátua de chocolate tem que desembolsar quanto?

- Não vendo. Pretendo derreter e fazer outra escultura. Mas se fosse a leilão não sairia por menos de R$ 250 mil.

Quem disse mesmo que não é uma obra de arte? 

Dom de casa aos hotéis de luxo

Maria do Carmo de Oliveira, 58 anos, aprendeu a cozinhar aos 12. Nordestina, radicada na Serra Gaúcha, teve o dom doméstico reconhecido por uma rede de hotéis. E há 17 anos comanda o fogão do local. Seu estudo culinário fui a prática.

- O segredo de qualquer prato é a matéria prima. E a minha é o amor - disse ela, com a autoridade de quem exerce a profissão há 46 anos. 

Hobby que virou profissão

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Pura arte: Elmario Pott, 56 anos, diz que seu trabalho é o diferencial em tempo de tecnologia

Assim define o artesão Elmario Pott, 56 anos, que todos os fins de semana monta sua barraquinha na Praça das Nações, na pequena cidade de Nova Petrópolis. Há 17 anos ele transforma pedaços de madeiras em obra de arte em formato de carrinhos

- No tempo de tecnologia, o meu produto é diferencial. Encantam mais os adultos do que as próprias crianças - disse ele, que leva um dia para criar um veículo de madeira.

- Meu maior prazer é trabalhar com o que amo. 

Guri de rua

5> Léo mostra o seu talento nas ruas de Gramado

O jovem Leonardo Lima é um artista de rua. Aos 19 anos, ele faz malabares, apresenta suas poesias e seus desenhos nas ruas de Gramado.

- Sou artista de rua há quatro anos. As pessoas nos confundem com moradores de rua - disse ele, que logo explicou a diferença:

- Artistas de rua não gostam de depender das pessoas. Moradores gostam.

O jornalista da coluna o encontrou em frente à uma boate no Centro.

- Estou aqui para conseguir dinheiro para entrada e dar uma paquerada nas gurias - disse, sem deixar a bola cair, literalmente.

Ele enfatiza: 

- Faço tudo isso sem nenhum efeito de drogas e álcool. É inspiração. Não sei ao certo quando quero desenhar e escrever, surge naturalmente. É minha forma de me expressar.

Léo, como gosta de ser chamado, já fez um turnê de quatro meses nas ruas do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Ele confessa que a vida não é fácil como artista de rua. No entanto, vale a pena.

- As crianças ficam encantadas com os malabares. E os adultos com as poesias e os desenhos. Mesmo que não dê dinheiro, o reconhecimento basta. Não é só por dinheiro. Mas se vier é bom. É ótimo.

Vinho, um produto artesanal de Caxias do Sul

3 > Waldecir, o artista do vinho

Quem pede uma taça de vinho num jantar romântico na Serra Gaúcha, talvez, não saiba o trabalho que dá. Um vinho de mesa (com uma qualidade inferior) leva seis meses para ser comercializado e os finos, no mínimo, dois anos.

- Nenhuma safra é igual à outra. Mantemos o padrão de qualidade, mas dizer que é o mesmo produto é mentira. É um trabalho artesanal, feito com carinho. Por isso que é de qualidade - disse Valdecir da Cunha, 46 anos, que trabalha numa vinícola de Caxias do Sul.

Hoje, ele comercializa 23 bebidas que têm como base a uva. 

A “Visão Crítica” deixa o ar puro da serra a caminho da brisa do mar de Balneário Camboriú.

Por André Aquino  –  aquino.andre@hotmail.com

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