(Foto Ilustrativa)
O preço dos livros mexe com a economia, as consequências não atingem o povo; aqueles que gostam de ler, reler, questionar, vivem a ler as sobras ironicamente jogadas do topo da pirâmide
O Brasil que nunca foi dos brasileiros originou de uma colônia de exploração, e os ranços desses processos seguem carcomendo as estruturas de uma sociedade moldada por contextos de lutas pelo poder e para o poder.
Os retratos do Brasil descrevem um povo que assistiu bestializado as movimentações históricas, como afirma José Murilo de Carvalho. As interpretações destacam o Brasil do alto, dos vencedores, esquecendo a narrativa dos vencidos.
“Só rico lê”. Não concordo com a equipe de Paulo Guedes, a sociedade brasileira é construída sobre as bases da ignorância, a mesma ganha espaço na elite, o conhecimento está para além das bestializadoras instituições educacionais. Existe uma nação que estuda, movimenta e grita, porém, é silenciada, abafada, esmagada por inúmeros idealizadores elitizados e animalizados pelo poder que abruptamente é sucumbido pela ignorância.
O acesso ao conhecimento sempre foi vigiado, censurado, marginalizado... Povo consciente é povo feliz, livre dos grilhões, liberta os indivíduos. Os senhores do topo da pirâmide objetivam aliados alienados, os que falam olhando sempre de cima para baixo. Aqueles que compõem a base dessa pirâmide não são ouvidos, e quando os ecos comprometem os “ricos que leem”, os mesmos morrem na lista que cala mulheres e homens, como Marielle Franco.
Que pais é esse? Que nação é essa? Existe nação? Cadê o povo, onde está o povo? Quem mantém a pirâmide? Quem lê? É nítida que a nossa sociedade lamentavelmente vincula direito a barganhas políticas. Assistem aqueles que convém, dificultando o acesso aos direitos fundamentais, e a maioria dos indivíduos excepcionalmente não está dentro do foco de possibilidades daqueles que governam.
O preço dos livros mexe com a economia, as consequências não atingem o povo; aqueles que gostam de ler, reler, questionar, vivem a ler as sobras ironicamente jogadas do topo da pirâmide. Felizmente essas sobras tornaram possível o caminho para a desburocratização do acesso aos direitos, tornando provável uma realidade social equitativa, humanizada, coerente com as bases constitucionais. Pobre lê, ignorante é aquele que não vê!