(Foto: Divulgação)
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“O processo da paz é longo, passa pelo olhar interno, depois para o externo (o outro) e depois para a natureza. Precisamos ser harmônicos e tocar a mesma canção, cada um com suas notas”.
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Jéssica Iancoski é a 122ª convidada na série de entrevistas “Opinando e Transformando”. Objetivo é formar um mosaico com o que cada um pensa desse universo multifacetado. Uma oportunidade para os internautas conhecerem um pouco mais sobre os profissionais que, de alguma forma, vivem para a arte/cultura.
> Nome: Jéssica Iancoski (jeiancoski@gmail.com)
> Breve biografia: É pessoa não-binária. Escritora, poeta e artista plástica.Tem participações em antologias e revistas, nacionais e internacionais. Já publicou no Brasil, na Colômbia, na Espanha, na Galiza e em Portugal. Teve o poema “Rotina Decadente” reconhecido pela Academia Paranaense de Letras, aos 15 anos. É idealizadora do Toma Aí Um Poema - o maior podcast lusófono de declamação de poesias - com mais de 50 mil ouvintes diferentes ao longo do tempo - e, também, revista literária.
Confira a entrevista com Jéssica Iancoski
> Em sua opinião, o que é cultura de paz?
Cultura de paz é a prática de se buscar, através do diálogo e da compreensão da diversidade da vida, a mediação de um conflito. Como humanos, enfrentamos sociedades, religiões, costumes e valores distintos entre si. A cultura de paz propõe que seja possível que pessoas, grupos e governos se entendam e cheguem a um denominador comum, através da tolerância e do respeito à vida e à natureza. É a busca por resoluções não-violentas, visando a paz e a coletividade.
> Como podemos difundir de forma coerente a paz neste vasto campo de transformação mental, intelectual e filosófica?
Primeiro, enquanto espécie, precisamos aprender a nos comunicar em situações de divergência, sem deixar que nossos conteúdos explosivos emergem de forma violenta. Precisamos criar consciência que o modo como lidamos, atualmente, com o diferente não é saudável e precisamos nos desenvolver na direção da tolerância. Depois, precisamos construir e comunicar projetos e ações que estejam associados à paz, de forma a inspirar as pessoas, convidando-as para serem a mudança também. Por fim, devemos incorporar os conceitos da paz, nas várias instâncias da linguagem e da comunicação em sociedade, ensinando as pessoas maneiras mais saudáveis de se portarem e lidarem com o outro.
> Como você descreve a cultura de paz e sua influência ao longo da formação da sociedade brasileira/humanidade?
De forma geral, o brasileiro não está familiarizado com o conceito de paz. Desde o princípio, a população enfrenta hostilidade e violência por parte dos governos e das crenças nacionais estruturais e elitistas. No entanto, a cultura de paz parece surgir nos últimos tempos como um respiro. Nos últimos anos, houve mais a difusão de pautas que buscam a conciliação de dívidas históricas, envolvendo mulheres, negros, indígenas e a população LGBTQIA+. Contudo, como um verme que destrói o humano, o último governo faz retroceder toda essa caminhada. Assim, descrevo a cultura de paz na formação da sociedade brasileira: uma luta espiral, que por vezes avança e por vezes retrocede, mas sempre caminha.
> A cultura e a educação libertam ou aprisionam os indivíduos?
Depende da educação. Se for uma educação com base na doutrinação, ela aprisiona, gerando indivíduos bitolados que reproduzem o discurso que lhes foi passado, sem questionamentos. Já se for pautada na pedagogia libertária, ela emancipa socialmente os indivíduos, posicionando-os para a construção de um horizonte revolucionário. Mas uma coisa é certa, a educação tem que ser libertadora, capaz de gerar indícios que questionem.
> Comente sobre o espaço digital, destacando sua importância na difusão do despertar da humanidade.
O espaço digital é a maior revolução tecnológica que a humanidade enfrenta atualmente. Ela é capaz de unir as pessoas, seja para o bem coletivo, ou para o oposto disso. É imprescindível que as comunidades online criem regras que inibam as práticas violentas e intolerantes dos usuários. Precisamos construir um espaço digital tolerante que não permita práticas abusivas, preconceituosas, racistas, sexistas, fascistas (...) e que não possibilite que os usuários saiam por aí disseminando o ódio e xingamentos.
> Qual mensagem você deixa para a humanidade?
Não sei muito bem. Só quero que as pessoas aprendam a olhar para si com amor e aceitação. Depois, quero que elas aprendam a se desapegar do egóico para voltarem-se ao coletivo, ao mundo e à natureza. O processo da paz é longo, passa pelo olhar interno, depois para o externo (o outro) e depois para a natureza. Precisamos ser harmônicos e tocar a mesma canção, cada um com suas notas.
> Clique e confira todas as entrevistas da série sobre Cultura "Opinando e Transformando"