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Conflitos Sociais

Dhiogo José Caetano

dhiogocaetano@hotmail.com

Conto

Walppher - O cotidiano do ser

Devemos viver as histórias que contamos e fazer parte delas, pois só assim podemos refletir, observar e compreender o mundo à nossa volta

Pelo mundo  –  07/12/2023 12:03

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(Foto Ilustrativa)

Nós, seres humanos, precisamos evoluir rumo às luzes

 

 

Uma simples mulher que morava no vilarejo Rocha, em Uruana, uma cidade do interior goiano, chamada Lucinete, estava grávida de seu primeiro filho. Muito feliz, sabia que tudo mudaria a partir daquela gravidez. Seu marido, um homem que trabalhava no campo. Um homem que não sonhava muito.

Em uma bela manhã, Lucinete vai até o campo levar comida para seu marido, no caminho ela passa mal, mesmo assim prossegue. Chegando lá, ela fala para o marido que não está bem:

- Valdison, estou passando muito mal, acho que vou ter nosso filho aqui mesmo.

Logo Lucinete entra em trabalho de parto, no meio de uma enorme lavoura de melancia, nasce o seu tão espero filho, o qual ela dá o nome de Walppher, o sonhador.

Doze anos se passaram e Walppher já era um rapazinho que acreditava que um dia sua vida mudaria. Vivia contando os seus sonhos para os vizinhos e amigos da família. Senhor Tião já tinha se cansado de tantos sonhos contados por Walppher, mas mesmo assim ele o encorajava a buscar sempre o que o seu coração queria.

Dona Clara era uma senhora muito simpática que Walppher gostava muito. Todos os dias ele a visitava e pedia para ela contar uma história.

Dona Lucinete e o senhor Valdison não gostavam que Walppher ficasse na rua, mas ele sempre escapava deles, depois que voltava da escola. Todos do vilarejo conheciam Walppher e o admiravam, por onde ele passava deixava uma semente de amor e alegria.

Walppher também era muito curioso, sempre fazia muitas perguntas e até irritava as pessoas em alguns momentos. Um garoto muito travesso. Porém, ele não imaginava o que iria acontecer. Em uma linda manhã do dia 24 de novembro de 1988, Walppher saiu de casa escondido. E foi para debaixo de um Ipê que havia próximo ao vilarejo. Sozinho, começou a pensar sobre a sua vida. Sua mãe estava doente, seu pai já não conseguia trabalhar e ele era uma criança, como poderia ajudar a sua família.

Triste, as lágrimas começaram a rolar em seu rosto, quando ele ouviu uma voz o chamando. Assustado, ele pensou em correr, mas decidiu ver quem era. Em cima do ipê estava um ser estranho. Temeroso, ele não sabia o que fazer. O ser pequenino e amarelo desceu da árvore e afirmou ter vindo buscá-lo para o seu mundo.

Walppher perguntou o nome da criatura:

- Qual é o seu nome?
- Meu nome é Soni, sou do planeta Imagy.
- Você sonhou e aqui estou. Vamos para o mundo Imagy, segure na minha mão. 

Em um passo de mágica eles apareceram em Imagy, o mundo das imaginações, das fantasias e das ilusões.

- Que lindo lugar, Soni. Tudo é perfeito.
- Sim, Walppher. Tudo aqui é lindo, como os sonhos das pessoas.
- Mas vamos, porque tenho que te apresentar ao senhor Phippe.
- Quem é ele?
- O senhor governador do planeta. 

Ele estava admirado com tanta coisa linda, praças de doce, os animais falando, as casas lindas e organizadas, ruas limpas, pessoas dividindo tudo o que tinham com o seu semelhante. A paz e o amor reinavam naquele lugar mágico.

- Onde fica a casa do senhor Phippe?
- Fica na floresta, meu jovem.
- Por que ele mora na floresta?
- Logo descobrirá.
- Senhor Phippe, onde está?
- Soni, veja um cavalo de assas se aproximando!
- É o senhor Phippe.
- Um cavalo?
- Sim, um cavalo que guarda a sabedoria primordial.
- Senhor Soni, quem é a bela criatura?
- É um garoto do planeta Terra.
- Linda criatura! Qual é o seu nome?
- Meu nome é Walppher.
- Belo nome! Vamos dar uma volta, vou te mostrar o mundo Imagy. Você vai adorar! Monte em mim e segura. 

Phippe mostra todo o planeta Imagy. Walppher fica encantado com tanta beleza que lá existia.

- Senhor Phippe, aqui é muito lindo, mas tenho que ir embora, minha mãe está preocupada comigo.
- Quero te mostrar uma coisa. Veja!
- Esta é minha casa, que espelho é este?
- O espelho da verdade.
- Quando você veio pra cá, Soni deixou uma cópia sua na Terra.
- Portanto, pode ficar o tempo que quiser. 

Walppher então ficou. A cada dia uma nova surpresa e alegria. Sem ele perceber a vida estava passando e Soni nunca falava em levá-lo para casa.

Já agoniado, Walppher, resolveu procurar Soni. Como quem não queria nada, passou sorrateiramente pelos senhores que estavam na rua. As criaturas eram legais, mas havia alguma coisa era. Pois como eles não eram seres humanos, Walppher não poderia confiar.

Seguindo procurando por Soni, viu um local onde havia mais seres humanos, com a mesma idade dele.

Achou estranho, então ele foi até lá para descobrir o que estava acontecendo.

Perguntou a um garoto:

- O que está acontecendo?
- Você não sabe! Este mundo existe, graças aos nossos sonhos de voltar para casa. Tudo aqui é uma ilusão. 

Fuja enquanto pode!

- Não posso! Tenho que ajudar vocês. Vou procurar Soni.
- Não o procure, porque você será preso como nós. Procure o senhor Ismagy, que mora nas montanhas, ele te ajudará. 

Walppher, então foi procurar por Ismagy. Depois de dias de viagem, avistou uma casinha, parecida com aquelas de contos de fadas. Bateu na porta, e nada. Então resolveu entrar, ficando assustado com as fotografias de muitas crianças e em meio às fotografias, viu a sua foto.

O Senhor Ismagy se pronunciou.

- O que faz aqui?

Quando olhou, viu um ser de outro planeta, ele era muito estranho, meio humano, meio animal.

- O senhor se chama: Ismagy?
- Sim! O que queres?
- Quero voltar para casa. O que minha foto faz aqui?
- Eu queria te ajudar, mas Soni chegou primeiro e te trouxe para o mundo das ilusões.
- Como vou sair daqui? Quero voltar pra casa. Queria realizar só um sonho, ser feliz com minha família, eu tinha tudo e não sabia.
- Isso mesmo, você aprendeu o sentido da vida. Às vezes o tudo é o nada que afirmamos ter.
- Vou te ajudar!
- Quem é você Ismagy?
- Sou o ser que esmaga a tristeza das pessoas e ajuda a realizar os desejos e sonhos das crianças de todos os mundos.
- Mas se libertarmos as outras crianças, o planeta Imagy deixará de existe e você também.
- Viverei dentro de cada um dos seres que sonham com o coração. Pois não preciso do sonho das pessoas para existir.
- Mas você não mais esmagará a tristeza dos corações das pessoas, e todos ficarão tristes.
- Não, elas aprenderão a viver a vida, e vão perceber que a vida se encarrega de tudo. As melhores coisas surgem quando menos esperamos.
- Isso é verdade! Nunca imaginei estar aqui, e que um dia salvaria os mundos.
- Você é o escolhido Walppher! 

Naquele exato momento, Phippe assistia toda a cena pelo espelho da verdade. Muito furioso com o que estava acontecendo, resolveu ir até lá. Chamou Soni e todas as tropas do Planeta Imagy.

- Jamais deixarei de ser real.

Ismagy chamou Walppher para ir salvar as crianças que estavam presas. Os dois em um passo de mágica apareceram na prisão onde estavam as crianças.

Como Phipper tinha reunido todos os seres de Imagy, a prisão estava só e Ismagy libertou todas as crianças.

Agora Ismagy e Walppher tinham um exército de sonhos e de amores reais. Chegando à casa de Ismagy, Phippe percebeu que ele não estava e de imediato perguntou a Soni pelo seu espelho.

Soni veio correndo e deixou o espelho da verdade cair, o qual se quebrou e parte do poder de Phippe se dissipou junto com os cacos.

- Soni, o que fez?
- Vamos para a cidade, antes que tudo esteja acabado. 

Enquanto isso, Ismagy orientava as crianças a pensarem que aquele lugar não era real. Que elas pensassem na vida real, nas coisas reais e no amor de seus pais.

- Pois viver vai além de sonhar, minhas belas criaturas. Devemos amar a vida e tudo que há nela, usando os fatores que nos envolvem, para evoluirmos, nos tornarmos seres melhores. Para que um dia olhemos para trás e nos orgulhemos do trabalho feito.
- Nada disso crianças, vocês só devem sonhar com coisa do mundo irreal como eu.
- O que você está dizendo, Phippe! Eles são crianças.
- Fique quieto, meu Ismagy.
- Quero simplesmente voltar pra casa!
- Walppher, você era meu amigo até pouco tempo.
- Soni me enganou!
- Por isso, queremos voltar para casa, e sabemos que esse lugar não existe. Vamos lá crianças, vamos todos pensar nas coisas reais.
- Agora!
- Não crianças, não façam isso comigo, por favor. Soni, faça alguma coisa.
- O que senhor?
- Já é tarde demais! Tudo está desintegrando, Soni.
- Ismagy, e agora o que acontecerá comigo e com as outras crianças?
- Voltarão para casa e tudo será como antes.
- Adeus, Ismagy!
- Adeus! 

Em um passe de mágica, Walppher acordou debaixo do pé de Ipê.

- Ufa! Que sonho!

Voltou para casa e encontrou seus pais ainda dormindo. Walppher ainda meio conturbado, pois tudo que tinha passando parecia tão real que o confundia. Sua mãe levantou e perguntou por que ele estava tão pensativo, mas sem resposta nada pronunciou.

- Esta é a história de Walppher, minha filha.
- Pai, por que ele tem o seu nome?
- Minha linda, porque às vezes devemos viver as histórias que contamos e fazer parte delas, pois só assim podemos refletir, observar e compreender o mundo à nossa volta. Além do mais, nós, seres humanos, precisamos evoluir rumo às luzes. Saiba, minha linda, que há muitos Imagy e nós devemos sonhar, mas nunca esquecer da realidade que carecemos transformar.
- Boa noite, minha linda.
- Boa noite, papai Walppher. 

 

Por Dhiogo José Caetano  –  dhiogocaetano@hotmail.com

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