(Foto: Divulgação)
Prestação de serviços, debates, entrevistas
e o quadro "Realidade da vida" são os destaques
Prestação de serviços, debates e entrevistas. De segunda a sexta-feira, das 6h às 9h, o ouvinte tem encontro marcado com Uiara Araújo. Basta sintonizar a AM 1390 KHZ e a FM 99.3 - emissoras do Sistema Sul Fluminense de Comunicação. Ao contrário de grande parte dos comunicadores de rádio, Uiara aposta no “básico”, como ele fala, e o programa só tem um quadro fixo, o “Realidade da vida”. Durante as três horas no ar, ele aposta na informação. E Uiara não para: vai lançar uma revista, um projeto cultural com “Seresta na Praça” e ampliar o tempo de programa na TV Bandeirantes.
Tudo começou em 1975, na Rádio Siderúrgica Nacional, como operador de áudio, passando a comunicador em 78. Depois, trabalhou na Rádio do Comércio, Rádio Nacional de Voltar Redonda, Rádio Nacional do Rio de Janeiro, TV Record RJ, TVE (hoje Rede Brasil), Super Rádio Tupi RJ, Rádio Stereosul Volta Redonda, Agulhas Negras de Resende, Rádio Sul Fluminense e TV Bandeirantes. Com 53 anos (9 de agosto de 1959), Uiara é do signo de leão, adora ouvir MPB e ler um bom livro, não dispensa um cineminha, é apaixonado por futebol e automobilismo. Na estreia do “Perfil”, ele fala de liberdade de expressão, eleições 2012, audiência e até da concorrência no horário.
“Já passou da hora de as emissoras
de rádio investirem em pesquisas
periódicas de audiência”
AM versus FM - Com muita tristeza, pois sou cria de AM, constato que a AM está sendo substituída pela FM, isso hoje é realidade, pois o que mais se exige é qualidade e não há como comparar os sons. Se AM tem maior alcance, a FM tem uma qualidade incontestável, tanto que uma das coisas que pesaram para a minha volta ao Sistema Sul Fluminense foi a possibilidade da transmissão também em FM.
Internet - O rádio passa por um momento de adaptação, da mesma forma que ele sobreviveu à televisão, vai sobreviver à internet. Até porque ele está inserido nela, praticamente todas as emissoras têm seus sites e transmissões pela rede. Na verdade, não vejo como competição, mas sim como uma adequação.
Liberdade de expressão - Como todos os profissionais, sempre lutei por ela. Acho fundamental a liberdade total de expressão, desde que feita com responsabilidade. O que não podemos esquecer nunca é de que somos formadores de opiniões, consequentemente temos que ser livres, mas acima de tudo responsáveis com as opiniões emitidas.
Eleições 2012 - O rádio sofre uma enorme restrição nesse período, gostaríamos, e isso não é crítica, apenas constatação, de ter a mesma liberdade dos veículos impressos. Muda muita coisa no programa, até mesmo a crítica e o elogio, pois qualquer citação pode ser interpretada como pejorativa ou que vá beneficiar algum candidato. O que tentamos fazer é um apanhado diário, bem rápido em que todos, conforme reza a lei, são citados.
Produção do programa - A maior parte é feita de um dia para o outro. Exemplo: Temas que possam ser debatidos, entrevistas e assuntos que não perecem. O restante dependemos de estar no ar, pois são ocorrências, fatos do momento, previsão do tempo, enfim, o amanhecer da região. A produção é realizada por três pessoas: Rafael Araújo, Silvana Lobo e Carlos Alberto Monteiro.
Concorrência no horário - Avalio com preocupação, é um horário extremamente competitivo, e infelizmente não temos uma pesquisa que norteie nosso trabalho. Sua curiosidade não é maior do que a minha, aliás, se me permite, não se trata nem de curiosidade, é profissionalismo mesmo. Já passou da hora de as emissoras investirem em pesquisas periódicas, até para cumprir bem o seu papel, que é atender e prestar serviços à população.
TV e rádio - A experiência na TV tem sido boa, na verdade ainda estamos na fase do aprendizado, pois um programa diário na televisão exige muito mais do que o rádio, até pelo alcance, pois falamos para 72 cidades. Em conjunto com a direção da Band, temos buscado encontrar a melhor forma de competir e estamos chegando à conclusão de que dá para fazer um programa com características parecidas com o rádio, inclusive na velocidade da informação. Como não temos também pesquisa na TV, o que posso te dizer é que, embora não seja excepcional, temos tido uma boa resposta da população pelas ruas.
Público - Sim, o meu público mudou, e muito. Assim como eu, a maioria envelheceu, a internet faz com que o ouvinte te questione a cada dia, já que ele é tão informado quanto você. A qualidade hoje é fundamental em tudo que fazemos e o ouvinte nos cobra isso. Estamos tentando trazer para o horário um pouco mais de público jovem, pois nesse momento eles estão acordando para o colégio ou mesmo trabalho. A melhor maneira que encontramos foi conduzir ao microfone Rafael Araújo (filho do Uiara) que usa uma linguagem que eu te confesso não entendo, a linguagem da garotada. E uma voz feminina para tratar de assuntos das mulheres, que é a Silvana Lobo.
Influência e inspiração - Fui influenciado por dois profissionais, embora nunca os tenha imitado, o falecido Waldir Vieira e Eli Corrêa (ainda hoje em atividade na Rádio Capital de São Paulo). Hoje admiro e respeito, Dário de Paula, Fernando Pedrosa, Cláudio Alcântara, Walter Cardoso, Bruno Azevedo, Manoel Alves e muitos outros.
Novos nomes no rádio - Infelizmente, a maioria que se forma prefere os veículos impressos ou a TV, mal sabem eles que a maior escola de comunicação é o rádio. Sonho ainda com uma reviravolta, o rádio precisa se renovar, não somos eternos. Fica o alerta, vamos buscar essa garotada, botar para trabalhar e formar novos profissionais.
Rotina para o trabalho - Atualmente é difícil, pois como é público estou convivendo com uma pancreatite, o que exige pouco esforço. Na verdade, para mim, isso não faz a menor diferença. Quem enlouquece e me cobra é meu amigo e irmão Dr. Bernardo Romeo Calvano.
Família e carreira - A família é sempre importante em tudo, te agradeço a oportunidade de reverenciar a memória de meu pai, meu maior crítico e incentivador. A importância da minha família na minha carreira foi ter respeitado minhas opções e deixado que eu seguisse meu caminho profissional sem nenhum tipo de interferência. Hoje, com exceção de meu filho Rafael, a família não se envolve com o meu trabalho, é uma opção minha e deles.
Projetos futuros - Ampliar minha agência de publicidade, lançar uma revista (aliás, se me permite a pretensão, tenho pensado muito no seu nome), melhorar a qualidade do programa de rádio, lançar um projeto cultural que atenda toda a região sul fluminense com algo que sou apaixonado, “Seresta na Praça”, e ampliar o tempo de programa na TV Bandeirantes, o que deve acontecer logo após as eleições.