(Foto: Felipe Falcão)
Perigo: Sem cinto de segurança, criança fica em
pé dentro da van em movimento
O OLHO VIVO flagrou uma cena que já está se tornando comum em Volta Redonda: irregularidades no transporte escolar. Como pode um veículo, que deve passar por vistoria a cada seis meses, ainda assim rodar com pneus “carecas” e/ou com danos estruturais (para-choques danificados, lanternas quebradas)? Como pode um motorista que tem categoria D dirigir sem o cinto de segurança, com o braço para fora da janela, em velocidade acima da permitida na via e fazendo manobras bruscas? Como pode, dentro desses veículos, crianças ficarem em pé e até de costas nos bancos acenando para os motoristas dos carros que vêm atrás? Como podem essas vans rodar com vidros tão escuros que não permitem que nada que ocorra lá dentro seja visto. O que querem esconder?
Sabe por que tudo isso que não pode acontece? Porque a fiscalização da GM (Guarda Municipal) está mais preocupada em tomar conta das vagas na Vila Santa Cecília, porque os (i)responsáveis, muitas vezes por conta da correria diária, não têm tempo para acompanhar, um dia que seja, a van que faz o transporte de seu filho, para saber como está sendo a condução do motorista, nem olham as condições físicas do veículo. Além disso, leis que servem para proteger nossos filhos dentro de automóveis particulares, como a famosa lei da cadeirinha, não são obrigatórias no caso das vans.
Regulamentação para o transporte escolar passa por vistoria a cada seis meses; mesmo assim, irregularidades são comuns
Regulamentação específica
A regulamentação para o transporte escolar passa por vistoria a cada seis meses. É preciso ter cinto de segurança para o número de pessoas transportadas; ter pintura de faixa amarela horizontal com a palavra “Escolar”; o motorista tem que ser maior de 21 anos e não ter cometido nenhuma infração grave ou gravíssima, ou ser reincidente em infrações médias durante os 12 últimos meses; tem que ser habilitado com categoria D e ser aprovado no curso especializado.
Em segundo plano
Quando nasce um filho, muitas questões novas aparecem em nossas vidas: Como será, com quem irá se parecer, o que irá fazer da vida, qual escola vai frequentar? Mas, entre tantas outras dúvidas, uma que deveria chamar muito a atenção dos responsáveis, e parece estar cada vez mais sendo deixada em segundo plano, é justamente a questão dos transportes escolares.
Tenho observado nos últimos tempos a qualidade das vans que fazem o transporte para as escolas. Procuro observar de perto as condições físicas dos automóveis, e o seu rodar no trânsito de nossa cidade, e posso lhes dizer que tenho ficado assustado com o que tenho visto, principalmente pelo fato de serem veículos submetidos à regulamentação especifica.
Quanto vale a vida do seu filho?
Temo que tudo isso só passe a ser levado em conta no momento de uma tragédia, que, como sempre, será tratada como fatalidade, tanto pelas autoridades quanto pelo dono do transporte. E o responsável que deixou seu filho dentro da van irá sofrer, mas também não irá se reconhecer como culpado e, mesmo que o faça, já não adiantará de nada, pois a história já estará escrita e, nesse caso, não se tem como voltar atrás.
Pensem e reflitam. Não vamos esperar uma vida se perder para tomar uma atitude.
> Felipe Falcão é pedagogo formado pela Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), com pós-graduação em educação especial e orientação educacional
Da Redação do OLHO VIVO
O OLHO VIVO entrou em contato com a assessoria de comunicação da prefeitura, que encaminhou as perguntas sobre as irregularidades aos órgãos competentes. A assessoria disse agora, às 18h35, que não conseguiu as respostas até o fechamento desta reportagem.