(Foto: Divulgação)
O artista voltarredondense mora em Paris
O Coletivo Teatral Sala Preta comemorou quatro anos em 11 de janeiro deste ano, e para celebrar a data em grande estilo recebe pela segunda vez o artista voltarredondense que mora em Paris (França) Flavio Franciulli, para compartilhar conhecimentos numa oficina de três dias, no ECFA (Espaço Cultural Francisco de Assis França), na Vila Mury, em Volta Redonda. Começou ontem, 14, e até 16 de janeiro os artistas do Sala Preta e convidados de diversos grupos da Região do Médio Paraíba Fluminense terão o contato com as técnicas e habilidades desenvolvidas por Franciulli no continente europeu, onde vive há mais de uma década. Além da oficina, será realizado um bate-papo aberto a toda comunidade, na quarta-feira, 16, às 17h, no mesmo local.
Flavio Franciulli se apresenta como um "artista forjado e esquecido dos palcos amadores da cidade de Volta Redonda, empacotado nos corredores profissionalizantes da faculdade de teatro do Rio de Janeiro Uni-Rio e no picadeiro da Escola Nacional de Circo, e enviado em terras europeias para poder viver de as escolhas e de seus sonhos".
Novos conhecimentos
É a quinta vez que o artista retorna ao Brasil, depois de ter cruzado o Atlântico. Franciulli destaca que o contato com uma nova língua, novos pontos de vista, novos objetivos, novos problemas lhe permite apenas semear e colher novos conhecimentos, o que não o transforma em um ser melhor do que ninguém, somente proporciona respostas, para diferentes questões e completa: "São essas questões que gostaria de dividir com os integrantes do Sala Preta e atores da região. A cada vez que visitei minha terra procurei ofertar um pouco de mim, pois não posso nunca esquecer de onde vim e de todas as dificuldades encontradas no meu tempo".
"A cada vez que visitei minha terra procurei ofertar
um pouco de mim, pois não posso nunca esquecer de onde
vim e de todas as dificuldades encontradas no meu tempo"
Assim como diversos artistas, inclusive do Sala Preta, Franciulli entende em razão das dificuldades de manutenção do profissionais do setor no interior do Brasil, continuaremos exportando os bons artistas para o detrimento de nossa própria região e protesta:
- Parto do princípio de que cada região deveria ter sua própria força cultural, seus próprios agentes, sua própria história. E por ter feito parte desta história, pretendo fortalecer os novos com questões para construir uma parte do presente, e talvez um bonito futuro.
Reutilizando ferramentas
Em 2011 o encontro aconteceu no Parque da Cidade, em Barra Mansa, onde hoje está construído (e ainda não inaugurado) o Teatro Tulhas do Café.
- Escolhi trabalhar com pessoas que poderão reutilizar as ferramentas que ofereço, transformá-las e oferecê-las para o máximo possível de artistas, assim esses três dias de trabalho serão transformados em outras possibilidades, outros momentos, outras historias, aventuras e assinaturas - diz.
Franciulli faz questão de lembrar uma quase visita em 2005 em Volta Redonda, quando foi convidado a escrever um manifesto para o teatro voltarredondense, lido pela atriz Márcia Vehnina na abertura da Mostra Gacemss de Teatro Contemporanium:
- Há alguns anos, alguns artistas da região entenderam meu apelo à importância de nossa história. Notei, nessa época, que todo o trabalho que havíamos feito, nos anos 80 e 90 tinham sido apagados da memória. O Teatro Santa Cecília, reformado por nós, tinha sido desativado e as peças consideradas imorais para a paróquia.
O ator já falava da importância de nossa história, de nossos valores, de nossa força cultural, de nossa criatividade, e de todas as dificuldades para conseguir formações, informações, em uma época em que a internet ainda não existia e que os poucos livros de teatro existentes em nossas bibliotecas estavam já empoeirados e ou roubados.
Compartilhando informações
"Escolhi trabalhar com pessoas que poderão reutilizar as ferramentas que
ofereço, transformá-las e oferecê-las para o máximo possível de artistas"
O Sala Preta entendeu esse discurso e faz um esforço incrível para somar as ferramentas e torná-las acessíveis a todas as companhias da região. Franciulli escolheu o Sala Preta para realizar sua quarta oficina na região em 2011, e agora estão juntos para a quinta aventura, a segunda com o coletivo. Por isso, após os três dias de oficina, acontecerá na quarta-feira, às 17h, um bate-papo aberto para a comunidade, gratuitamente. O objetivo é ampliar ainda mais o alcance das atividades realizadas. Como a oficina foi desenvolvida para artistas profissionais ou com alguma experiência em teatro, o bate-papo visa atender um público ainda iniciante, amadores da linguagem e espectadores curiosos pelas experiências de um conterrâneo em terras além-mar. Os participantes serão provocados a entender que as informações existem para serem compartilhadas e que quanto mais fortes forem os agentes culturais da região mais ganham os artistas, mais ganha a região.
Durante esses três dias de trabalho, Franciulli não ensinará nada, serão momentos de aprendizagem coletiva. Quem quiser saber mais sobre o artista pode clicar aqui. Mais informações sobre o encontro e outras atividades do Sala Preta podem ser conferidas no site. Em tempos de Facebook e redes sociais, dá-se preferência a partilhar diretamente no terreno. Que estejam todos prontos e com saúde para essa festa!