(Fotos: Divulgação)
João Emanuel Carneiro reina absoluto na galeria
entre os grandes autores globais
Pode soar repetitivo falar de “Avenida Brasil”, uma vez que várias colunas já propagaram o mesmo tema. O ideal é que busque se falar de temas variados no ambiente da televisão brasileira e, a bem da verdade, assuntos nunca faltam, visto que nossa TV é rica em produzir novidades - nem sempre tão agradáveis como todos nós gostaríamos, é preciso salientar também - e assim tudo fique coberto sob a análise e possa suscitar a discussão mais elaborada e levar os leitores à reflexão.
Sou um noveleiro nato, não nego. Sempre acompanho as novelas, mas em especial quero me atentar à trama das 21h. O país inteiro acompanhando febrilmente o duelo entre vítima e algoz (ou vice-versa), Carminha e Nina (interpretadas magistralmente por Adriana Esteves e Débora Falabella). Entretanto, esse estrondoso sucesso se deve a João Emanuel Carneiro. Em sua segunda novela no horário nobre, ele marca seu nome na história da teledramaturgia brasileira com o melhor folhetim dos últimos cinco anos, reinando absoluto na galeria entre os grandes autores globais.
Uma segunda Janete Clair
O autor anda colhendo todos os louros desde o primeiro sucesso no horário nobre: “A favorita”. Seus diálogos densos, personagens excelentes, direção, ritmo ágil, fotografia impecáveis propiciam um deleite entre os espectadores todas as noites. Há quem diga que o autor se tornou uma segunda Janete Clair, criando ciumeira entre a velha guarda de autores na Vênus Platinada.
Mas o grande destaque mesmo é o roteiro de Carneiro. Ele transformou “Avenida” numa trama de muita repercussão, principalmente nas redes sociais, e um produto com êxito de audiência, mesmo se sobressaindo a antecessora “Fina estampa”. Vale ressaltar que a Globo há tempos não atingia índices altos de audiência entre suas novelas atuais (“Amor eterno amor”, “Cheias de charme” e “Avenida Brasil”), revivendo os áureos tempos de liderança nacional dos anos 70 entre os folhetins, consolidando uma hegemonia global.
Assunto obrigatório
Voltando ao atual carro-chefe das 21h, “Avenida Brasil” é assunto obrigatório em todos os ambientes entre pessoas de várias idades. João Emanuel Carneiro transformou o subúrbio num cenário principal para as confusões de Tufão e sua família, rendendo ótimos momentos entre os personagens centrais e secundários nos seus variados núcleos.
A trama vem se mostrando como uma das melhores, senão a melhor novela já exibida, e está virando comum cada capítulo ser melhor do que o anterior. Para os fãs da teledramaturgia como eu, é um prato cheio poder apreciar “in loco” uma obra tão bem planejada e executada com maestria. Em suma: é a cereja do bolo da televisão atual.
Fique por dentro
Em 1961 foi ao ar a primeira adaptação do romance “Gabriela, cravo e canela”, de Jorge Amado, estrelada por Janete Vollu na TV Tupi, sendo apresentada ao vivo, marcando a transição dos folhetins ao vivo para os pré-gravados inaugurando assim o videoteipe. Detalhe: todas as cenas tinham de ser gravadas na ordem e uma vez só.
Personagem do dia
Anabela Freire (Ney Latorraca) em "Um sonho a mais" (1985)