(Foto: Divulgação)

A protagonista Morena (Nanda Costa) deve se
esmerar no posto porque não convenceu o público

Os dados não mentem. “Salve Jorge” estreou na segunda-feira, 22, com média de 35,5 pontos. Número considerado inferior às suas antecessoras, como o sucesso “Avenida Brasil” (37 pontos) e “Fina estampa” (41 pontos). Em resumo: a pior audiência entre as últimas 18 novelas do horário nobre. Entretanto, passada a estreia, a novela de Glória Perez mostrou belíssimas imagens da Turquia e Capadócia intercaladas com imagens do Complexo do Alemão em meio a cenas fictícias e reais. 

É interessante nos atentarmos que todo primeiro capítulo de novela acaba por ser didático, seja para apresentar uma nova história, novos personagens, novos conflitos. Tal tarefa fica ainda mais complicada quando a nova trama se encontra na esteira de um grande sucesso - vide “Avenida Brasil” - um estouro, que ainda ecoa na memória das pessoas.

Recuo raro no tempo

Ainda temendo uma possível rejeição dos evangélicos, “Salve Jorge" teve um bom início, fazendo um recuo raro aos folhetins nacionais, que adoram passar a história para frente (três meses depois, nove anos mais tarde...). Na primeira cena da trama, a mocinha aparece sobre um pedestal enquanto é devorada com os olhos por ricaços babões que fazem lances de milhares de euros para tê-la. Em seguida, antes do recuo temporal, Morena ainda aparece correndo pelas ruas do que parece ser Istambul, se dizendo perdida e pedindo ajuda. Sem explicação, a sequência é um modo de aguçar o espectador para o que há por vir. Embora todos já saibam que a mocinha do Complexo do Alemão será vítima do tráfico de pessoas, ninguém sabe como ela se sairá dessa, e o capítulo manteve esse suspense. Uma boa sacada no capítulo de estreia.

Como é de praxe ter periguete em um folhetim das 21h, Gloria Perez exagerou ao mostrar várias periguetes em sua trama. A começar pela protagonista Morena (Nanda Costa), que vai na contramão das mocinhas das telenovelas, com calças super justas, shorts curtos, vestidos decotados, muitas gírias e muita maquiagem, embora totalmente desprovida de ser “pobre sonhadora”. Ainda acho que Nanda deve se esmerar no posto de protagonista. Não convenceu o público.

Forte apelo pela classe C

Assim como na trama de João Emanuel Carneiro, há ainda o forte apelo pela classe C com seus personagens e dramas cotidianos.

Com um extenso (muito extenso!) elenco, a novela mostrou alguns personagens que ainda vão dá o que falar, como Claudia Raia (a vilã Lívia), Carolina Dieckmann (a sonhadora Jéssica) numa rápida participação, Murilo Rosa e Totia Meireles estreando como vilões (o invejoso Elcio e a manipuladora Wanda), entre outros. Além das estreias de Tiago Abravanel e Thammy Miranda e a volta de Lizandra Souto às novelas. Destaque para belíssima abertura ao som de Seu Jorge.

A novela tem potencial, dá para ver isso, no entanto, esse potencial será todo mostrado mais tarde.

Ainda estamos no começo, muitas águas rolarão. Abraços.