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Babilônia

O inferno astral da novela das 21h, um mês depois da estreia

Forte concorrência de tramas de outras emissoras esmagou o carro-chefe da Globo; grande pecado se deu na abordagem de temas que deveriam ser mostrados com sutileza

Televisão  –  05/04/2015 20:19

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(Foto: Divulgação)

Glória Pires e Adriana Esteves, maravilhosas; Camila Pitanga ainda não
encontrou o tom da personagem e sua Regina está opaca e desvalorizada
 

Olá, galera. Passado apenas um mês após a estreia da polêmica e conturbada nova novela das 21h, apareço por aqui para deixar minhas impressões sobre a trama.

As telenovelas retratam o cotidiano na vida do brasileiro, e mais do que isso, até de forma doentia, o telespectador chora, torce, ri, enfim, se emociona com o que vê, comportando-se de maneira assustadora na medida em que conversa, fala sobre a telenovela e os atores como se fossem parentes, vizinhos, amigos. O duelo de titãs entre a maldade e o mau caráter, representados pelas maravilhosas Glória Pires e Adriana Esteves, agitou o primeiro capítulo prometendo surpresas nada agradáveis com o passar dos dias. Em paralelo a isso, há o cerne da rejeição à trama: o tal beijo lésbico entre Fernanda Montenegro e Nathalia Timberg acarretando inúmeras discussões entre os telespectadores, considerando a novela pesada demais aos padrões da família brasileira. Uns contra e outros a favor. Mas não falarei mais sobre isso! Certo é que a novela é incômoda como a própria vida, retratando o cotidiano sem dourar a pílula, ingredientes mais do que necessários para um bom folhetim.

O azarão dos 50 anos

"Babilônia" entrou de forma bombástica nos lares do público. Com chamadas interessantes e fortes, prometeu um novelão após a insossa "Império", de Aguinaldo Silva. Não empolgou o povo. A trama escrita pela excelente trinca Gilberto Braga, Ricardo Linhares e João Ximenes Braga mergulha no mais profundo abismo telenovelístico, decepcionando a cúpula da emissora que completa 50 anos neste mês.

Segundo dados preliminares, o capítulo exibido ontem, sábado, 4, amargou a pior audiência da história do horário das nove, fechando com apenas 18.4 pontos de média e 32.8% de share. No mesmo horário, SBT e Record empataram na vice-liderança com 6.7 pontos. Um fracasso histórico! Pesquisas de opinião foram encomendadas e a novela começou a sofrer ajustes. A abertura, o visual gráfico, a fotografia sofreram modificações. Perfis serão alterados e romances serão valorizados.

Por que desagrada tanto?

Considerado um dos melhores autores da teledramaturgia, Gilberto Braga acumula sucessos como "Dancin’days", "Água viva", "Vale tudo", "Celebridade", entre outros (e recordista em novelas exibidas pelo Canal Viva, tendo atualmente a reprise inédita de "O dono do mundo"). O novelista é mestre em criar vilões emblemáticos com diálogos ácidos e densos sempre retratando as mazelas da sociedade.

"Babilônia" escancara a corrupção de forma nua e crua. Em resposta às críticas que assolam a história, o autor não se intimida. Apenas amenizará algumas situações (como o drama de Alice, que não será mais garota de programa). A forte concorrência de tramas de outras emissoras esmagou carro-chefe da Globo. O grande pecado se deu na abordagem de temas que deveriam ser mostrados com sutileza e isso afugentou o público provocando boicotes e outras represálias. 

Doses cavalares de pura maldade
e corrupção; fraco desempenho de Pitanga 

A partir de amanhã, 6, a novela ganhará um rumo diferente. Novas chamadas serão inseridas durante a programação. Tudo para que "Babilônia" possa entrar nos eixos. A atração irá contra-atacar com a concorrência ganhando 15 minutos a mais durante às quintas-feiras. É preciso leveza, otimismo e equilíbrio maior entre o bem e o mal para salvar o folhetim.

Camila Pitanga ainda não encontrou o tom da personagem. Regina está opaca e desvalorizada, beirando à chatice, caricatural demais e com um bordão que não pegou. "Playba". Regina não entregou motivos para que torçamos por ela. Precisa reagir!

"Pra quê chorar, se o sol já vai
raiar, se o dia vai amanhecer"...

Quem ganha com isso é a concorrência, lógico! Tem reprise de "Carrossel" no SBT (a pedra no sapato de Gilberto há mais de 20 anos!), tem a saga religiosa "Os Dez Mandamentos" na Record e ainda tem a novela "Mil e uma noites", na Band. Confio no talento de Gilberto! "Babilônia" merece uma nova chance. A trama é boa, atores e equipe maravilhosos.

Vamos acompanhar! Abraços, galera.

> Fonte: O Dia, IG, Revista Veja

Por Albinno Oliveira Grecco  –  albinnooliveira@hotmail.com

2 Comentários

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  • Elielson

    Ótima crítica! Vamos aguardar os próximos capítulos.

  • fernanda roberta

    Mas tenho observado nos últimos anos que, a crise na emissora carioca já vem de longa data. As novelas das 6 e das 7 tem sido horríveis a bastante tempo. Histórias cansativas, elenco fraco e mesmo com a colaboração de grandes nomes, as histórias não decolam. Autores novos não estão conseguindo se firmar. Já faz tempo que não assisto. Se a gente analisar mesmo nem as aberturas, outrora tão criativas, elaboradas pelo mago do design e computação gráfica Hans não estão como foram um dia. Em Babilônia a trilha e a abertura não identificam a trama. Quanto a Gal canta Brasil, todos da minha geração se lembram de Vale Tudo. A melhor novela que eu ja assisti. Gilberto Braga é, para mim um autor fabuloso. Ele tem a dose certa em formar núcleos. Ajustes sempre serão necessários, óbvio! Como obra aberta pode ser modelada, repensada, melhorada. Ao Gilberto minha admiração.